Para conscientizar também os homens sobre a importância
de se cuidarem, surgiu o Novembro Azul, que tem como foco a importância da
prevenção ao câncer de próstata. Além da cor azul, há quem se disponha a deixar
o bigode crescer durante o mês de novembro (o que é conhecido em alguns países
como “movember”, uma mistura das palavras inglesas moustache e november). A ideia é que o novo
visual proporcionado pelo bigode pudesse simbolizar a mudança da forma como os
homens “encaram” os cuidados com a própria saúde.
Assim como acontece no Outubro Rosa, durante todo o
mês de Novembro existe um esforço de mídia para informar a população sobre as
principais doenças que acometem a população masculina, destacando as formas de
detectá-la antecipadamente e ajudando a tirar o estigma dos exames que ajudam
nas rotinas de check-up médico.
No Brasil, o câncer de próstata é o 2º mais comum entre
os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma), segundo o Instituto
Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). A taxa de incidência da
doença é 6 vezes maior nos países desenvolvidos se comparados com os países em
desenvolvimento, e a previsão é de que em 2016 ocorram 61.200 novos casos
(INCA).
Bons hábitos, por mais clichê que pareçam, são de
importância crucial na prevenção de doenças, inclusive do câncer de próstata.
“Quando falamos em prevenção é necessário destacarmos que algumas medidas
preventivas são facilmente aplicáveis, como mudanças em hábitos de vida. É
importante manter a prática de atividades físicas e uma alimentação rica em
vegetais e pobre em gorduras”, destaca o oncologista Luciano Paladini, médico
analista da Evidências – Kantar Health. “Com a detecção precoce do câncer da
próstata, conseguimos taxas de cura em torno de 90% a 95%”.
O diagnóstico só é possível por meio de dois exames: o
antígeno prostático específico (PSA), que permite rastrear e definir a
sequência ideal de tratamento nos pacientes com neoplasia de próstata avançada,
e o ainda temido exame de toque. “O toque retal, um exame rápido - dura
segundos, é praticamente indolor e não afeta em nada a masculinidade do homem -
deve também ser realizado, já que o PSA não é eficaz sozinho.
Cerca de 20% dos
casos diagnosticados ao toque retal podem cursar com PSA normal ao diagnóstico.
Infelizmente, ainda há muito preconceito com esse exame. Aproximadamente dois
terços dos homens brasileiros não se submetem ao toque retal de
rastreamento. Os dois exames juntos (toque e PSA) conseguem diagnosticar
80% dos casos de neoplasia de próstata”, alerta Paladini.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU),
cerca de 20% dos pacientes portadores de câncer de próstata ainda são
diagnósticos em estágios avançados, embora tenha ocorrido uma maior procura nas
últimas décadas devido à divulgação e conscientização na população masculina.
“Minha percepção, na prática clínica, é que ao longo dos anos, os homens têm
aceitado com mais tranquilidade a realização do toque retal quando esse é
necessário”, destaca Paladini.
“Outro dado interessante foi produzido por
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP): no Brasil enquanto cerca de
40% dos indivíduos tinham a opinião de que o toque retal não era ‘aceitável’
antes de realizar o procedimento, após o mesmo esta proporção caiu para 10%.
Isto sugere que a expectativa dos homens quanto ao toque retal é bastante
diferente da realidade envolvendo o exame. A disseminação de dados como esse
pode auxiliar na desmistificação desse preconceito”, afirma.
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