Na sua entrevista mais recente, Moro disse que atuará
como conselheiro de Bolsonaro quando estiver em jogo a
idoneidade de outros ministros. Denunciados por corrupção devem ser demitidos?
“Se a denúncia for consistente, sim”, declarou o futuro ministro da Justiça ao
programa Fantástico.
Moro prosseguiu: “Eu defendo que, em caso de corrupção,
se analise as provas e se faça um juízo de consistência, porque também existem
acusações infundadas, pessoas têm direito de defesa. Mas é possível analisar
desde logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso
esperar as cortes de Justiça proferirem o julgamento.”
“Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o
risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico”, afirmou Moro, ao
reiterar que obteve de Bolsonaro o compromisso de que o novo governo não
oferecerá escudo a suspeitos de corrupção. Cinco dias antes, em entrevista
coletiva, Moro dissera que sua presença no governo dissiparia até os receios de
retrocesso democrático.
''Eu não vejo em nenhum momento um risco à democracia e
ao Estado de direito'', dissera Moro. “No entanto, (…) existem alguns receios a
meu ver infundados. E a minha presença no governo também pode ter um efeito
salutar de afastar esses receios infundados, porque, afinal de contas, sou um
juiz, sou um homem de lei. Então, eu jamais admitiria qualquer solução que
fosse fora da lei, como também o presidente eleito.”
Antes de renunciar aos seus 22 anos de magistratura, Moro
usufrui de férias. Foi a forma que encontrou para manter os vencimentos
enquanto se prepara para assumir as novas atribuições, em janeiro. Seria
recomendável que o quase ex-juiz incluísse entre suas prioridades a leitura do
''Testamento Político'' do cardeal Richelieu. A obra é rara, difícil de
encontrar. Mas vale o esforço.
Por Josias de Souza
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