Com 95% da produção nacional de sal marinho e prestes a
perder benefícios fiscais sobre a produção e o frete, os empresários do setor
já elegeram suas maiores prioridades em 2019: manter, na gestão Fátima Bezerra,
os incentivos fiscais que gozam desde a primeira gestão Garibaldi Alves e obter
do governo Bolsonaro um decreto transformando o sal em produto de interesse
social.
“ São as únicas saídas para uma atividade iniciada no
estado há 400 anos e que começou a ser explorada comercialmente há 200 anos”,
desabafa Renato Fernandes, diretor executivo do Sindicato da Indústria de
Moagem e Refino de Sal do Rio Grande do Norte (Simorsal).
Segundo ele, antes de pressionar a indústria a se mudar
de uma área antropizada, ou seja, cujas características originais já foram
alteradas e onde historicamente se explora o sal há séculos, “ portanto, tudo
consolidado, o País deveria olhar o potencial econômico da região para
implantação de futuros polos industriais que tivessem no produto um insumo
essencial, a exemplo de inúmeras outras indústrias”.
Segundo o dirigente, o argumento do MPF de que as áreas
irregulares representam apenas 10% do espaço ocupado pelas salinas não vale,
pois é justamente ali onde reside o maior potencial produtivo há muitos anos.
“Quem compra hoje no supermercado um saquinho de 1 kg por
R$ 0,75 para o uso que, conforme o tamanho da família, pode se estender por um
mês, nem imagina o comércio internacional que se encontra por trás do sal
produzido pelo Rio Grande do Norte”, afirma Fernandes.
Com uma produção de 6,0 milhões de toneladas por ano –
3,5 milhão destinadas para o consumo interno e 1 milhão de toneladas para a
exportação -, o sal potiguar ainda enfrenta a concorrência desleal do sal
chileno, dominado por poderosos players internacionais.
Ao ingressar livre dos impostos pagos pelo sal
brasileiro, o chileno entra muito mais barato. “Por conta disso, de São Paulo
para baixo, fica difícil concorrermos com eles”, admite Fernandes.
Como se não bastasse, o único porto especializado (Areia
Branca) está em frangalhos, necessitando de investimentos que Fernandes estima
girar ao redor de R$ 35 milhões para se colocar em condições operacionais.
Hoje, o preço do sal potiguar, a granel, está cotado a
US$ 28 a tonelada para exportação e entre R$ 45,00 a R$ 50,00 no mercado
interno. Com problemas logísticos e de distribuição, o empresário diz que a
situação do setor, que já é difícil, tende a ser agravar rapidamente.
Com todos esses problemas, um dos mercados em risco é dos
EUA, que respondem por 45% da exportação do sal, in natura, potiguar. Lá o sal
é usado para ajudar a derreter a neve em 16 estados quando o país sofre durante
o inverno, como agora.
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