Tudo porque o presidente começa a sentir na pele que uma
coisa são os arroubos, promessas e receitas milagrosas de uma campanha eleitoral
que prometia enterrar a velha política da corrupção e seus compadrios, e outra
é a realidade dura e crua da situação brasileira. A política é não só a arte do
compromisso, mas também ciência.
Tentar criar uma forma nova de governar foi o sonho de
todas as grandes ideologias de esquerda e de direita que, ao final, acabaram
devoradas por seus mesmos sonhos. Bolsonaro e seus fiéis seguidores acreditaram
que seria fácil para eles, depois de derrotar os velhos partidos e chegarem ao
Planalto, dar vida a uma aventura sem necessidade das antigas artes da política
tradicional.
Pouco importava que o partido que o aceitou como candidato, depois
de ele transitar em sua longa vida do Congresso por outros
sete ou mais, praticamente não existisse. Para que precisaria dele? Tinha seus
filhos, as pessoas, as redes sociais, os robôs, a rua. Hoje, após o sucesso
eleitoral, o pequeno PSL se tornou, imantado pelo poder, o maior do Congresso,
mas é um caldeirão de tudo, sem história. Alguém o chamou de saco de gatos. E
Bolsonaro parece disposto a sacrificá-lo.
O novo presidente parece querer continuar acreditando que
o menos importante para ele é o partido. Que seu partido mais fiel seriam seus filhos, e parece disposto a sacrificar até aquele que
o acolheu e o guiou durante toda a campanha, o advogado e amigo pessoal Gustavo
Bebianno, então presidente do PSL e hoje ministro da Secretária Geral da
Presidência.
Acusado de suposta corrupção e aconselhado por seu filho Carlos,
que o acusou publicamente de mentir, Bolsonaro pediu em público
que fosse investigado com rigor. E os políticos clássicos sabem que não há nada
mais perigoso do que transformar amigos em potenciais inimigos. A vingança é um
dos ingredientes mais poderosos da política.
Bolsonaro iniciou seu caminho para a glória golpeado pela
tragédia. Primeiro, a sua pessoal, ao ser vítima de um obscuro atentado contra sua vida, e depois as três
tragédias sangrentas que comoveram o país, as três criminosas. A de Brumadinho com suas centenas de trabalhadores mortos e
desaparecidos, a dos jovens do time do Flamengo, que acabou com seus sonhos, e
a do helicóptero que estava impedido de transportar passageiros, mas mesmo
assim nos roubou Ricardo Boechat, um dos jornalistas mais dignos e
empenhados deste país.
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