“O governo hoje não tem força nenhuma de lutar lá dentro.
Dentro da Câmara, ninguém ouve o que o governo diz. A opinião do governo é
absolutamente irrelevante para tudo”, afirma o deputado, cujo partido integra o
bloco informal batizado de Centrão, que reúne ainda o PP, o DEM, o
Solidariedade e o PRB e tem criado embates com Bolsonaro. “O governo não tem
seis meses e a palavra impeachment já surgiu. Quem vai ter segurança de
investimento em um país com uma instabilidade política como essa?”, questiona.
Ainda na entrevista, o deputado admite que há uma
articulação para fundir as mudanças referentes ao equivalente à aposentadoria
dos militares à reforma da Previdência dos civis. A ideia é manter como projeto
de lei apenas a recomposição salarial das Forças Armadas. O restante da
proposta enviada pelo governo ao Congresso passaria a tramitar junto com a
reforma. "O governo faz coisas pro-forma como se todo mundo fosse tolo.
Mandou o projeto dos militares com impacto fiscal de R$ 10 bilhões e ainda
deixou paralisado", critica o presidente da comissão especial.
Na última sexta, Marcelo deu a entender que o Congresso
poderia propor e votar um texto próprio e ignorar as sugestões do governo. Mas,
em entrevista ao Globo nesse
domingo, ele ressaltou que a ideia não é jogar no lixo o texto do Executivo,
mas permitir aos parlamentares a apresentação de mudanças significativas na
estrutura da proposta. Ele defende, por exemplo, a retirada do item que exclui
da Constituição todas as regras de aposentadoria e do que autoriza a criação de
um regime de capitalização, pelo qual o trabalhador contribui para a própria
aposentadoria e não para um bolo a ser repartido com os inativos.
O presidente da comissão disse, ainda, que está disposto
a cumprir o cronograma acertado no início dos trabalhos, que prevê a votação da
proposta ainda na primeira quinzena de junho. “O que pode atrasar esse
cronograma é a turma do Bolsonaro que decidiu atacar o Congresso”, afirmou o
deputado ao Globo. Na última
sexta-feira o presidente disseminou um texto com críticas ao Congresso e que
responsabiliza o Parlamento pela “ingovernabilidade” do país. Os parlamentares
reagiram mal ao ato do presidente e viram nele uma tentativa de Bolsonaro de
atribuir a eles o ônus pela paralisia do governo.
Fonte: Congresso em Foco
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