Após gerar repercussão nacional, a fala do presidente Jair Bolsonaro em relação ao pai do presidente da OAB traz comentários, agora, do Supremo Tribunal Federal. Em entrevista ao jornalista Tales Faria, do UOL, o ministro Marco Aurélio Mello sugeriu que “apenas criando um aparelho de mordaça” Bolsonaro poderia parar de proferir o que chamou de ‘incivilidade’ e ‘grosseria’.
Além da declaração, Mello, que é o segundo mais velho da
Suprema Corte e deverá ser substituído por alguma indicação de Bolsonaro em dois anos, também
criticou a fala do presidente como uma forma de ‘mau exemplo’. Apresentou um
contraponto em seguida: “Por outro lado, acho que pode ser um marco de como as
pessoas não devem ser. A repugnância tem sido geral”, disse.
Bolsonaro comentou a morte de Fernando Santa Cruz, pai do
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), nesta segunda-feira 29,
dizendo que "um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar eu conto". Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para
ele”. O presidente depois afirmou, em um vídeo em que corta o cabelo, que Fernando Santa Cruz teria sido
morto por militantes de esquerda, o que é contestável.
Fernando foi perseguido e assassinado pela ditadura – com
reconhecimento do Estado brasileiro a partir dos documentos da Comissão
Nacional da Verdade (CNV), concluída em 2014. Os documentos indicam provas de
que ele estava sob custódia do Destacamento de Operações de Informação –
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), um dos órgãos repressores da
ditadura, desde 22 de fevereiro de 1974.
Um ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, Cláudio
Guerra, informou à CVN e ao livro ‘Memórias de uma Guerra Suja’, dos autores
Rogério Medeiros e Marcelo Netto, que teria incinerado o corpo de Fernando
Santa Cruz e outros militantes em uma usina de açúcar em Campo dos Goytacazes
(RJ).
No dia 24 de julho de 2019, a Comissão Especial sobre
Mortos e Desaparecidos Políticos expediu o atestado de óbito de Fernando Santa
Cruz de Oliveira. O documento diz que ele “faleceu provavelmente no dia 23 de
fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro/RJ, em razão de morte não natural,
violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição
sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao
regime ditatorial de 1964 a 1985”.
Fonte: Carta Capital
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