Olho D'água do Borges/RN -

13 de agosto, dia para desafiar a história

Primeiro dia de janeiro de 2019. Posse da governadora Fátima Bezerra (PT). Em discurso que valorizou a sua origem política, enraizada na luta dos servidores públicos, Fátima foi enfática em afirmar a prioridade número 1 do primeiro ano do governo: atualizar os salários do funcionalismo e resgatar a dignidade do servidor estadual.

Ela prometeu o que sabia que não cumpriria. Atualizar os salários não depende da vontade da governadora e de nenhum outro gestor público. Precisa de dinheiro, muito dinheiro que se diga. Fátima Bezerra pecou pela promessa; poderia ter falado a verdade, sido sincera com o servidor. Ela tinha conhecimento da caótica condição financeira do Estado, inclusive, no dia da posse anunciou que estava herdando do governo anterior um “rombo” de R$ 3,6 bilhões. Poderia ter dito que não pagaria os salários atrasados neste ano; e pedido a compreensão dos servidores.

Fátima optou por vender ilusões. Disse que iria atualizar os salários com a venda antecipada de receitas dos royalties de petróleo e gás, da conta-salário dos servidores, e de outros recursos extras que viriam do Governo Federal. Até aqui, não entrou um mísero centavo de real das fontes indicadas pela governadora. Por consequência, frustrou o servidor público.

Pior ainda: não adotou nenhuma medida capaz de atenuar o desequilíbrio das contas públicas. Pelo contrário. Não só manteve os gastos exorbitantes herdados do ex-governador Robinson Faria (PSD), como aumentou o custo da máquina. 

A governadora poderia, e deveria, ter tomado decisões importantes, amargas, reconheça-se, mas que iniciaria o processo de recuperação. Não o fez para preservar a popularidade. Logo, o RN permaneceria na mesma, como de fato permaneceu.

Com três folhas atrasadas (novembro, dezembro e 13º salário de 2018) e sem perspectiva de solução, os servidores públicos paralisaram as atividades ontem. O Dia Estadual de Luta em defesa dos servidores públicos, como foi intitulado pelo Fórum Estadual de Servidores, é o anúncio do fim da “lua de mel”, e o início de uma fase de cobrança mais contundente.

O protesto deste dia tem um valor simbólico, porque é o primeiro contra o governo liderado por uma ex-sindicalista e que foi eleita com apoio de todos os sindicatos de servidores. Significa que as entidades foram pressionadas pelas bases a reagir, mesmo que alguns dos sindicatos façam apenas jogo de cena. No entanto, a leitura é de simples entendimento: se as entidades sindicais, principalmente aquelas que decidiram ser governo em troca de cargos e espaços na máquina pública, não atuarem em defesa do servidor e do serviço público, os sindicalizados darão grito de liberdade e vão às ruas lutar por seus direitos.

Portanto, fim da lua de mel; início de uma "DR" entre companheiros, que colocará à prova o poder de convencimento da ex-sindicalista Fátima Bezerra.

FRASE
"O governo Fátima não cumpriu nada do que prometeu aos servidores."

Fonte: Cesar Santos.


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