Dallagnol recebeu, em 18 de outubro de 2016, instruções
do ex-juiz Moro, em conversa pessoal. No mesmo dia, informou aos seus colegas
procuradores o resultado dessa conversa com Moro: “Conversamos aqui e
entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas
ponderações”, afirmou num aplicativo à sua equipe. Quais riscos? Riscos para
quem? Que ponderações?
No dia seguinte, 19 de outubro, Eduardo Cunha, o piloto
do golpe que derrubou meu governo, por meio de um impeachment sem crime de
responsabilidade, foi preso, condenado por corrupção, sem que seus celulares
tenham sido apreendidos.
O ex-juiz Moro se defende atribuindo as divulgações da
Vaza Jato a falsificações de hackers. Neste caso particular, os fatos desmentem
seus argumentos, mostrando de forma incontroversa sua perseguição ao PT e sua
descarada parcialidade.
Os telefones celulares de Eduardo Cunha não foram apreendidos, isto é um fato que não diz respeito a hackers.
Independe da Vaza Jato. A pergunta é por que o ex-juiz
Moro não queria que se revelassem as ignóbeis condições que cercaram o
impeachment? Para proteger o governo ilegítimo de Temer? Proteger os cúmplices
do golpe? Os financiadores do golpe? Setores da mídia que insuflaram o golpe?
Isso não exclui que a razão do privilégio estivesse
acrescida também da ânsia de poder de um juiz da primeira instância que
procurava, a qualquer custo, evitar que o controle e o conhecimento dos fatos
fugisse de suas ambiciosas mãos. Mas, sobretudo, queria esconder as razões espúrias do
golpe de 2016.
Tem razão o ex-senador Roberto Requião, que entende que o
privilégio que Moro e os procuradores da Lava Jato deram a Eduardo Cunha
impediu que a sociedade brasileira tivesse acesso a um arquivo de informações
reveladoras sobre o golpe, quem o financiou e quem foi beneficiado.
A manifestação de Requião: “A não apreensão do celular do
Cunha impediu que tomássemos conhecimento das articulações do impeachment da
Dilma, que interesses o financiaram e a quem aproveitaria? É isto Moro? É isto
Dalagnol?”
Fonte: Conversa Fiada
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