As bandeiras que vão tremular na rampa da Governadoria,
erguidas por 13 sindicatos que formam o Fórum Estadual de Servidores são as
mesmas que Fátima Bezerra carregou no passado recente.
Antes de ter se tornado governadora, Fátima foi presença
em todas as mobilizações que ocuparam as ruas e o Centro Administrativo em
Natal. Sempre, sem exceção de regra, gritando palavras de ordem em defesa de
seus companheiros e, consequências, condenando os governos adversários.
A luta dos servidores estaduais de hoje é a mesma de
ontem: pagamento dos salários atrasados, calendário dos salários atuais,
reajuste salarial e valorização de carreira. A única diferença que do outro
lado do balcão está quem até pouco tempo defendia o lado de cá do mesmo balcão.
É claro que a mobilização dos servidores não se dará com
a mesma volúpia radical se o governo do RN fosse de outro partido ou matiz
político. Há, de forma bem clara, o desejo de parte dos sindicatos de escudar a
gestão da companheira Fátima. E não é apenas por afinidade política. Algumas
entidades aceitaram participar do governo, indicando para cargos de primeiro e
segundo escalões familiares, assessores e amigos. Por consequência, rifaram a
função primordial do sindicato, que é justamente representar a luta de suas categorias.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE), o
maior sindicato do RN e o que mais influencia a luta dos servidores estaduais,
optou por subir a rampa da Governadoria com Fátima Bezerra. O Sinte emplacou o
comando da Secretaria de Educação e das 16 Diretorias Regionais de Educação
(DIRECs), além de ter indicado vários nomes para cargos comissionados. Virou
governista. Por consequência, funciona dentro do Fórum dos Servidores como
“agente do governo” para enfraquecer as manifestações em prol dos servidores e
proteger o governo.
No entanto, há um grupo de sindicatos, dentro do fórum,
que não admite “rifar” a luta dos servidores. Um deles é o Sindicato dos
Trabalhadores do Serviço Público da Administração Indireta (SINSP-RN).
Recentemente, o site do Sinsp editou matéria sugerindo que tinha segmento do
serviço público contemplado pelo governo, citando a educação e, de forma
indireta, o Sinte-RN, e que esse segmento não estaria disposto a lutar pelos
servidores.
O Sinsp-RN expôs a divisão. Mais do que isso, firmou
posição de quem é a favor dos servidores e de quem abandonou a luta para ser
governista. É natural que essa divisão entre as entidades, estabelecendo, de
forma mais clara, a luta entre sindicato de servidores x sindicato de governo.
Questão de tempo.
Pois bem.
O Dia Estadual de Luta, que vai paralisar os serviços
públicos por 24 horas, ainda não mostrará com clareza a decepção dos servidores
com a gestão Fátima Bezerra, até porque no mesmo dia haverá protesto contra o
governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), uma estratégia para “engolir” a
manifestação estadual.
No entanto, a governadora Fátima Bezerra é consciente que a "lua de
mel" acabou e o humor do servidor público tornou-se um "bom
relógio", que nem os sindicatos amigos conseguirão desativar.
A única forma de evitar a explosão é, pelo menos, pagar o
que deve ao servidor.
Fonte: Cesar Santos
0 comentários:
Postar um comentário