A ideia do governo é passar a descontar 11% dos
benefícios de quem recebe entre um salário mínimo (R$ 1.045) e o teto da
Previdência (R$ 6.101,06). Para os que recebem mais do que isso, a alíquota
seria progressiva, variando de 14% a 18%. Não está definido se a taxação seria
aplicada apenas aos que se aposentarem após a reforma ou se haveria cobrança
para quem já é segurado.
O secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo
Xavier, reconhece que a medida é “dura”, mas afirma que a cobrança é necessária
para que a reforma tenha impacto fiscal significativo. “Tem certas questões das
quais a gente não pode abrir mão. Precisamos ajustar o sistema previdenciário
para que o Estado volte a respirar”, disse, em entrevista a uma rádio local na
última sexta-feira, 17.
Atualmente, a média salarial dos servidores do Estado é
de R$ 4,8 mil, ou seja, abaixo do teto. Isso significa que a maioria dos
funcionários, quando se aposenta, deixa de contribuir para o regime e ainda
vira uma despesa.
O Governo do Estado propõe também elevar a contribuição
dos funcionários que estão na ativa e que ganham acima do teto da Previdência.
A proposta é estipular taxas progressivas, com alíquotas maiores para quem tem
maiores salários, entre 14% e 18%.
Segundo o esboço da reforma em discussão, no caso de um
servidor que recebe R$ 21 mil, a cobrança incidiria da seguinte forma: 14%
sobre a faixa de R$ 6.101,07 a R$ 10.000,00; 16% sobre a faixa de R$ 10.001,00
a R$ 20.000; e 18% sobre a faixa restante, de R$ 20.001,00 a R$ 21.000,00.
Para quem ganha abaixo do piso, a taxa de contribuição
permaneceria em 11%. Vale ressaltar que a contribuição patronal (paga pelo
Governo do Estado) é o dobro da paga pelo funcionário.
Na avaliação do secretário de Tributação, nesses dois
pontos (aumento da alíquota para os servidores da ativa e taxação dos
inativos), não há margem para negociação. “Essas duas questões a gente precisa
enfrentar. São extremamente delicadas, mas, sem elas, a gente não tem efeito
fiscal nenhum com essa reforma”, destacou Carlos Eduardo Xavier.
Pontos negociáveis
O secretário de Tributação do Estado disse que outros
pontos da reforma podem ser “modulados”. Ele citou a idade mínima para
aposentadoria. Na reforma da Previdência nacional, válida para o regime geral
do INSS, foi estabelecido o mínimo de 62 anos para as mulheres e 65 anos para
os homens. Carlos Eduardo Xavier declarou que é necessário, de fato, elevar as
idades, mas é possível deixar a idade mínima das mulheres em 60 anos, tornando
o aumento menos rigoroso para elas.
O cálculo do benefício pode ficar também mais suave para
os servidores, segundo o secretário. Ele explica que, na reforma geral
promulgada no fim do ano passado, foi estabelecido que o valor do benefício do
INSS será a média de 100% das contribuições efetuadas. “Hoje, é a média de 80%
das maiores contribuições. Podemos avançar para 90%”, complementou.
Há margem para negociação, ainda, nas regras de pensão. O
titular da Secretaria de Tributação afirmou que o governo pode suavizar as normas
em relação ao que foi aprovado nacionalmente. No caso do INSS, agora a pensão
por morte será de 50% do valor da aposentadoria, acrescido de 10% para cada
dependente. Foram endurecidas também regras para acúmulo de benefícios.
Carlos Eduardo Xavier enfatizou que esses pontos são
negociáveis, mas não podem ser excluídos da proposta. “Estamos mexendo porque
não tem condições de ficar como está. Todo dia tem servidor se aposentando.
Estamos abertos para discussão, mas não podemos deixar de fazer (a reforma)”,
ressaltou.
Outro ponto indefinido é o limite para concessão de
benefícios. Pela regra geral, novas aposentadorias e pensões não podem ser
superiores ao teto da Previdência.
Atualmente, segundo o Instituto de Previdência dos
Servidores Públicos Estaduais (Ipern), o déficit financeiro mensal do regime
próprio do Rio Grande do Norte é de R$ 130 milhões. Essa é a diferença entre o
que o Estado tem de pagar de benefícios e o que realmente arrecada. O rombo é
coberto com recursos do Tesouro. “Esse aumento de alíquota já era para ter sido
feito antes”, fala o secretário de Tributação.
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