“Retira direitos dos trabalhadores”, justifica o Fórum
Estadual de Servidores que, assim como na reforma da Previdência nacional,
considera a proposta estadual “perversa”.
É a primeira greve geral que a governadora Fátima Bezerra
(PT) enfrenta. Uma novidade na trajetória de vida pública. Até aqui, Fátima
havia atuado no outro do balcão, em defesa dos servidores públicos, como
sindicalista, deputada estadual, deputada federal e senadora da República.
Quis o destino que caísse nas suas mãos a missão de
reformar o falido sistema previdenciário estadual. Tão necessário e urgente,
reconheça-se. Porém, um governo dito popular, que até ontem dizia que o
presidente Jair Bolsonaro queria “castigar” velhinhos com a reforma da
Previdência da União, terá enorme dificuldade de convencer que a reforma
precisa ser feita e que os servidores precisam colaborar com sacrifício. O
argumento torna-se ainda mais prejudicado porque a proposta de Fátima Bezerra
tem pontos mais duros do que a reforma de Jair Bolsonaro.
A alíquota previdenciária proposta pelo governo Fátima é
bastante pesada. Vai de 12% a 18,5%, conforme faixa salarial, e passa a taxar
aposentados e pensionistas que atualmente são isentos de contribuição. O
impacto no bolso é bem duro.
Veja: pelas regras atuais, o servidor inativo que ganha
até 5.839,45 não precisa contribuir com a Previdência. A reforma proposta pela
governadora taxa esse servidor com alíquotas de 14% e 16,5%. Por exemplo: quem
ganha entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil, passará a contribuir com 14%; e quem ganha
entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, terá descontado do contracheque 16,5%.
Em números reais, veja o impacto: um aposentado que
recebe R$ 5,5 mil, e que hoje é isento, passará a contribuir com 16,5%, ou
seja, terá a sua remuneração reduzida em R$ 907,50. Calculadora na mão: o valor
do contracheque desse aposentado/pensionista cairá de R$ 5,5 mil para R$
4.592,50.
Esse mesmo aposentado já contribuiu durante toda sua vida
laboral e agora terá de voltar a contribuir para a Previdência estadual. Vale
ressaltar que os servidores, em sua grande maioria, não recebem reajuste há uma
década e ainda amargam três meses de salários atrasados.
Fátima Bezerra vai enfrentar a resistência das entidades
sindicais que estão defendendo as suas categorias, e já disse que fechará pulso,
se preciso.
Os servidores, por sua vez, usaram frase dita no passado
pela própria governadora para definir a unidade de luta: "Ninguém solta a
mão de ninguém".
Fonte: Cesar Santos.
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