Olho D'água do Borges/RN -

O inimigo mora ao lado

O prefeito Álvaro Dias no PSDB fortalece o projeto político-eleitoral 2022 do presidente estadual da sigla e presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza. Ele deseja sair da proporcional para uma disputa majoritária, podendo ser candidato ao Senado da República ou ao Governo do Estado.

Como a reeleição de Álvaro Dias é dada como certa, embora em disputa eleitoral tudo pode acontecer, Ezequiel faz a leitura certa ao se aliar ao prefeito, uma vez que ele, com o apoio de Álvaro, ocupará espaços de maior capilaridade no mais importante colégio eleitoral do Estado.


Colocar o prefeito de Natal dentro do PSDB também faz parte da estratégia de fragilizar o PT, partido da governadora Fátima Bezerra, a partir da capital. Como o partido da governadora não tem um nome em condições de disputar a Prefeitura da capital, o líder tucano impõe ao PT o papel de coadjuvante, apesar de ser um aliado da governadora.

Fátima Bezerra sabe das intenções de Ezequiel, mas não pode partir para o confronto agora. É que o governo precisa dele para aprovar as matérias de interesse do Executivo encaminhadas à Assembleia Legislativa, como é o caso da reforma da Previdência. Ezequiel está bancando a reforma do jeito que a governadora quer e a governadora está deixando Ezequiel pavimentar o seu caminho do jeito que ele deseja.

Se houver algum embate entre eles, não será agora, ficará para 2022. Há quem afirme, dentro do governo Fátima, que dificilmente o PT suportará o bico longo do tucanato no processo sucessório estadual, mas, até lá, eles permanecerão habitando o mesmo ambiente político, embora sem a mínima confiança mútua.

É o jogo da política e dos interesses de grupos e/ou individuais que vai sustentando a relação entre os mandatários da Governadoria e do Palácio José Augusto. Porém, com data de validade.

Vale lembrar que Ezequiel Ferreira  é um amigo do poder. Ele foi aliado do governo passado, bancando na Assembleia Legislativa os interesses da gestão do ex-governador Robinson Faria (PSD). No primeiro turno das eleições de 2018, Ezequiel levou o seu partido para o palanque de Robinson. No segundo turno, ele se transferiu, junto com o PSDB, para o palanque da favorita Fátima Bezerra.

Ezequiel repete o que os últimos presidentes da fermentada Assembleia Legislativa fizeram. Primeiro, assume o comando de um partido, fortalece as suas fileiras cheias de deputados; em seguida, passa a dividir o governo do momento; e, por fim, leva a termo o seu projeto político e de poder.

Fonte: Carlos Santos.

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