Segundo Eduardo Moraes, irmão do cantor, o corpo de
Moraes Moreira foi encontrado após a chegada da emprega doméstica no
apartamento em que ele morava. O artista vivia sozinho, segundo o irmão.
Ainda de acordo com a assessoria, as informações sobre o
enterro não serão divulgadas para evitar aglomerações, recomendação de vários
órgãos de saúde como prevenção a Covid-19.
Antonio Carlos Moreira Pires nasceu em Ituaçu, no
interior da Bahia, em 8 de julho de 1947. Moraes Moreira começou tocando
sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos na cidade. Na
adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em
Caculé, na região sudoeste da Bahia, em 1967.
Aos 19, ele foi para Salvador, onde começou a estudar no
Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia. Lá, ele conheceu seus
futuros companheiros dos Novos Baianos, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor,
além de Tom Zé.
Em 1968, eles criaram o espetáculo que deu origem aos
Novos Baianos, Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio Universal.
O grupo já tinha também a participação de Baby do Brasil
(Baby Consuelo, na época) na voz e o guitarrista Pepeu Gomes quando foi
participar do popular Festival da Música Popular Brasileira na TV em 1969, com
a música “De Vera”, de Moreira e Galvão.
No ano seguinte, o grupo lançou seu disco de estreia,
“Ferro na boneca”. Mas a grande obra deles viria após uma visita de João
Gilberto à casa em que eles moravam juntos, já no Rio de Janeiro. Em 1972, eles
lançaram o álbum, “Acabou chorare”, que consagrou os Novos Baianos. O trabalho
juntava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e baião.
Com a regravação de “Brasil pandeiro”, de Assis Valente,
além de “Preta pretinha”, “Mistério do planeta”, “A menina dança”, “Besta é tu”
e a faixa título, todas de coautoria de Moraes Moreira, o álbum de 1972 é
reconhecido como um dos melhores - senão o melhor - trabalho do pop brasileiro.
Foi um passo adiante do tropicalismo de Caetano, Gil e
Tom Zé - no abraço ao rock e à psicodelia hippie, na fusão de ritmos
brasileiros, na recusa a seguir padrões no período mais duro da ditadura militar.
O grupo foi morar em um sítio em Jacarepaguá, Zona Oeste
do Rio, onde seguiam a cultura hippie dos EUA e da Europa em plena ditadura
militar brasileira. Lançaram ainda três discos, cujo sucesso não tão grande
começou a gerar desentendimentos. Ele ficou no grupo de 1969 até 1975, quando
saiu em carreira solo.
Carreira Solo
Em 1976, já em carreira solo, ele se tornou o primeiro
cantor de trio elétrico, ao subir no trio de Dodô e Osmar, e cantou a música
“Pombo correio”, sucesso na época.
Já em 1997, ele reuniu o grupo Novos Baianos para lançar
o disco ao vivo Infinito Circular, com canções dos discos anteriores e algumas
inéditas. Em 2007, Moraes Moreira publicou o livro A História dos Novos Baianos
e Outros Versos, escrito em linguagem de cordel, que conta a história dos Novos
Baianos.
Em 2017, ele lanço outro livro, o “Poeta Não tem Idade”,
com cerca de 60 textos sobre homenagens a Luiz Gonzaga, Machado de Assis,
Gilberto Gil e muitos outros.
Nos últimos anos, Moraes Moreira se envolveu em shows de
reunião dos Novos Baianos e também de trabalhos solo. O artista também se
dedicou a trabalhos com o filho. No total, ele lançou mais de 60 discos entre a
carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar, além da parceria com
o guitarrista Pepeu Gomes.
Em março deste ano ele fez a última postagem no Instagram falando
sobre a quarentena que o mundo vive por causa da Covid-19.
Moraes Moreira é considerado como um dos mais importantes
artistas da música brasileira, sendo autor de canções marcantes, como
‘Sintonia’, ‘Lindo Balão Azul, ‘Desabafo e Desafio’, ‘Pombo Correio’, entre
outras. Ele também fazia grande sucesso no período do Carnaval, principalmente
em Salvador, na Bahia.
0 comentários:
Postar um comentário