Alguns funcionários trabalhavam há mais de 30 anos no
jornal, outros já tinham ultrapassado as duas décadas dentro da redação. A
maioria dos jornalistas demitidos ocupava cargos de chefia, seja na pauta ou em
editorias. Só na redação foram despedidos sete profissionais. Há três anos, 60
trabalhadores foram mandados embora no maior passaralho (nome dado às demissões
em veículos de comunicação) da história do jornal.
Fundada em 1950 pelo jornalista e ex-governador Aluízio
Alves, recentemente a Tribuna do Norte teve a maioria das ações comprada pelo
empresário e ex-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte
Flávio Azevedo, antigo dono do Portal NoAR.
Numa reunião realizada nesta terça-feira (31) pela manhã,
a direção da empresa informou aos jornalistas demitidos que fará uma proposta
de rescisão com o parcelamento da dívida a ser apresentada em breve aos
trabalhadores.
Procurado pela agência Saiba Mais, o Sindicato dos
Jornalistas do Rio Grande do Norte disse que vai acompanhar o caso, dando
suporte jurídico aos funcionários.
O presidente do SindJorn Alexandre Othon classificou as
demissões como “inoportunas” e disse que a empresa poderia ter buscado
alternativas para vencer a crise sem descontar nos trabalhadores:
Dentro da própria legislação a partir do decreto de
calamidade pública é possível tomar outras medidas que não sejam as demissões,
como antecipação de férias, pagamento no quinto dia útil do mês subsequente,
redução de carga horária e, até mesmo, economia de insumos como energia dentro
da própria empresa”, disse.
Outra possibilidade levantada pelo sindicalista a partir
de uma medida proposta pelo governo Federal é a suspensão temporária do
pagamento do FGTS por três meses e o posterior pagamento retroativo num prazo
futuro.
A direção da Tribuna do Norte mostra, com as demissões em
plena pandemia, que os exemplos de solidariedade que estampam as páginas do
periódico são, na verdade, retóricas para vender jornal.
Segundo Othon, a solidariedade precisa partir dos
empresários também:
A gente sabe que a crise é
nacional, mas geralmente quem sofre mais é o trabalhador que está na ponta. Se
fala em quarentena, então que se faça pelo menos o mínimo. Solidariedade tem
que vir também dos empresários em relação ao empregador também. O Carrefour
está contratando pessoas”, lembrou.
O Sindjorn informou ainda que está acompanhando os
veículos para saber se há redução de salário em curso ou mais demissões.
Fonte: Saiba Mais
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