Em recente boletim da Agência de Administração Oceânica e
Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa), do Departamento de Meteorologia dos
Estados Unidos, foi indicado que a anomalia da temperatura na porção central do
oceano pacífico Equatorial está no limite da categoria considerada moderada,
com -1,4°C. Para ser considerado um evento forte, a anomalia pode variar entre
-1,5°C e 1,9°C. O fenômeno é semelhante aos anos de 2007 e 2010, que foram os
mais fortes dos últimos 20 anos.
Este cenário corrobora com a chuva irregular que já está
sendo verificada na região sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No
entanto, segundo especialistas, não deve ser algo para alarmar ainda mais os
produtores rurais do Sul. “Não há relação linear entre o aumento de intensidade
da anomalia no oceano com os impactos diretos no clima do Brasil”, diz Celso
Oliveira, da Somar Meteorologia. Segundo ele, isso é comprovado com as pancadas
de chuva mais frequentes a partir da segunda semana de novembro em Santa
Catarina e no Paraná. O Rio Grande do Sul deve apresentar os maiores déficits
hídricos neste último bimestre de 2020, mas isto não quer dizer também total
ausência de chuva.
Em contrapartida, para o Nordeste o La Niña é uma notícia
boa, já que costuma favorecer os elevados volumes acumulados pela região. O
oeste e sul da Bahia já vai ter chuva acima da média em novembro favorecendo o
plantio da soja. No entanto, mesmo sob fenômeno La Niña moderado a forte, nem
toda a região Nordeste vai receber chuva acima da média histórica no trimestre
novembro-dezembro-janeiro. A faixa norte da região vai receber menos chuva que
o normal. A precipitação ficará acima da média histórica no leste do Nordeste e
em boa parte da Bahia.
A má distribuição da precipitação repercutirá na
temperatura com calor acima do normal no norte do Nordeste e temperatura mais
baixa na Bahia. Especificamente em novembro, a precipitação acima da média
histórica será observada no sudoeste, oeste e litoral da Bahia e entre Sergipe
e o leste de Pernambuco. Por outro lado, o mês será menos chuvoso que o normal
em boa parte do Maranhão e Piauí. Nos primeiros cinco dias de novembro, há
previsão de acumulados elevados na Bahia e no centro e sul dos Estados do Piauí
e Maranhão. O calor permanecerá acima da média histórica no Maranhão e no
Piauí, mas a temperatura ficará abaixo da média histórica na Bahia,
especialmente no sul do Estado.
A tendência é novembro ter chuva acima da média na metade
norte do Brasil, pegando parte de Mato Grosso, Minas Gerais e Norte e Nordeste,
e abaixo da média na metade sul, incluindo Mato Grosso do Sul e São Paulo. Em
dezembro, esta divergência fica ainda mais nítida com anomalias mais positivas
e chuva bem acima da média na faixa norte com até 100 milímetros acima do
normal.
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