A Assembleia de Deus de Mossoró decidiu pedir ao
município a devolução do Colégio Evangélico Leôncio José de Santana. O
documento foi assinado na sexta-feira, 15, pelo pastor Miranda, líder da
igreja, endereçado à Secretaria Municipal de Educação, antecipando em cinco
meses o fim do contrato, que vence em maio deste ano.
A decisão da Assembleia de Deus é política e estabelece o
rompimento da igreja com o prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade). Foi
motivada pela exoneração da Irmã Marta do cargo de direção do colégio, que ela
ocupava há mais de uma década.
Ao anunciar a decisão à comunidade evangélica, o pastor
Miranda não usou de meias palavras e deixou clara a sua decepção com Allyson,
que teve do líder da congregação o apoio direto e irrestrito na campanha
eleitoral de 2020. O líder da Assembleia de Deus lembrou à comunidade que a
Irmã Marta foi mantida na direção do Colégio Evangélico nas gestões de Fafá
Rosado, Cláudia Regina, Silveira Júnior e Rosalba Ciarlini, que não são
evangélicos, mas coube a um prefeito “crente em Deus” tirar a irmã que estava à
frente do estabelecimento de ensino público, com padrão assembleiano.
A exoneração da Irmã Marta, na verdade, foi apenas a gota
que faltava. A insatisfação do líder da Assembleia de Deus de Mossoró com Allyson
surgiu quando o prefeito começou a formar a sua equipe de auxiliares,
majoritariamente, contrária à pauta defendida pela igreja evangélica. São temas
delicados como família, aborto, gênero, descriminalização do porte de arma e
uso de drogas, escola cívico-militar, separação Igreja/Estado.
São temas que só não causarão estranheza entre o prefeito
e sua equipe se um dos lados ceder ou fizer de conta que nada está acontecendo,
porém, que não são aceitos pela comunidade evangélica. O primeiro escalão formado
por Allyson defende uma ideologia de quilômetros de distância do que pensa a
Assembleia de Deus. São, em sua maioria, membros de partidos de esquerda e que
defendem uma bandeira indigesta aos evangélicos.
Por consequência, a Assembleia de Deus decidiu que não
indicaria nomes para a equipe de Allyson. Entendeu que seria incompatível um
irmão dividindo mesa de reunião para discutir, por exemplo, o debate de gênero
ou do aborto em sala de aula.
O fato é que o pastor Miranda desde dezembro, quando o
prefeito começou a anunciar o seu secretariado, não escondia a sua decepção.
Aos irmãos mais próximos, afirmava como o irmão Allyson havia mudado desde a
vitória nas urnas, com o total e irrestrito apoio da Assembleia de Deus, e que
agora parece outro com posições contrárias às que defendia no passado recente.
Allyson Bezerra ainda não respondeu ao pastor Miranda,
nem disse se aceita ou não a devolução do Colégio Evangélico Leôncio José antes
do fim do contrato. Nos bastidores do templo da Leste-Oeste comenta-se que
alguns pastores, com livre trânsito de lado a lado, tentam construir uma ponte
para esfriar a crise. Não será fácil.
O pastor Miranda tem dito apenas que está pedindo que
“orem pelos cristãos evangélicos” e que entende que chegou o momento do colégio
evangélico fortalecer o padrão assembleiano de Deus, desligada da rede
municipal de ensino de Mossoró.
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