O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Mendes disse que a Operação Lava Jato apoiou a
eleição de Jair Bolsonaro, tentou interferir no resultado eleitoral e agiu para
perturbar o país no governo Michel Temer. "Primeiro a Lava Jato atua na
prisão do Lula. Prestes à eleição, a Lava Jato divulga o chamado depoimento ou
delação do Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral. Depois, o Moro
vai para o governo Bolsonaro, portanto eles não só apoiaram como depois passam
a integrar o governo Bolsonaro", afirmou o ministro em entrevista à BBC
Brasil. "Tudo isso indica uma identidade programática entre o movimento e
o bolsonarismo", acrescentou.
Gilmar está perto de liberar para julgamento a ação em
que o ex-presidente Lula pede a anulação da sua condenação no caso do tríplex
do Guarujá alegando suspeição de Sergio Moro no caso. Responsável pela primeira
condenação de Lula, Moro "fez tudo o que não condiz" do que se espera
da relação entre Judiciário e Ministério Público, na avaliação ministro do STF.
O julgamento do recurso de Lula teve início em dezembro
de 2018 e foi interrompido por um pedido de vista de Gilmes Mendes. Na época,
dois ministros chegaram a votar contra o pedido do ex-presidente: o relator
Luiz Edson Fachin e Cármen Lúcia. Segundo o ministro, o caso será liberado para
votação neste semestre.
Gilmar diz que uma eventual decisão favorável ao
ex-presidente não terá efeito cascata sobre os demais acusados na Lava Jato e
que cada caso será analisado individualmente.
"Se nós olharmos, a Lava Jato tinha candidato e
tinha programa no processo eleitoral. E atuou, inclusive, para perturbar o
Brasil em termos institucionais. Veja, por exemplo, no caso da Presidência do
presidente Temer, aquela operação ligada à JBS e ao procurador Janot. Ali
notoriamente se tratava de uma iniciativa para derrubar o governo. Era uma ação
política em que se dizia que o presidente da República estava tolerando
corrupção do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Ali se via que era não só
uma ação policial, mas uma ação política", declarou o ministro à repórter
Nathalia Passarinho.
Para o ministro, as intenções eleitorais da Lava Jato são
claras: "Então, se existem críticas ao PT, ele parte dos segmentos os mais
diversos, mas o lavajatismo o envolve de maneira particular. O lavajatismo
pretende se tornar um tipo de corrente política, portanto, de longe, não é o
papel que eu desempenhava".
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