O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU
(Tribunal de Contas da União), Lucas Furtado, pediu nesta segunda-feira (10)
que o tribunal apure indícios de que o governo Jair Bolsonaro criou um
"orçamento paralelo" de R$ 3 bilhões para atender sua base aliada no
Congresso. Revelado no último domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, o
esquema pode configurar crime de responsabilidade, segundo Furtado.
A reportagem mostrou que deputados e senadores enviaram
101 ofícios ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados,
indicando como preferiam usar os recursos. Com o arranjo, segundo o jornal, os
parlamentares conseguiram aplicar em suas bases muito mais do que os R$ 8
milhões anuais em emendas a que cada um tem direito. A maior parte da verba
teria sido aplicada na compra de máquinas agrícolas, em valores até três vezes
acima dos preços de referência do governo.
Segundo Furtado, há indícios de que houve
"inadequada execução orçamentária, motivada supostamente por interesses
políticos e em desvirtuamento do princípio da isonomia que orienta a
distribuição de recursos”.
Interesses políticos
O procurador apontou que a aparência do esquema é de
"inadequada execução orçamentária, motivada supostamente por interesses
políticos". Furtado considera que Bolsonaro pode ter atentado contra a lei
orçamentária, o que é um crime de responsabilidade previsto no artigo 85 da
Constituição.
Como exemplo, o procurador citou no pedido o caso do
ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP). Segundo o Estadão, Alcolumbre
decidiu sozinho o destino de R$ 277 milhões em verbas públicas, 34 vezes mais
do que estaria autorizado a destinar segundo a lei.
Partidos
A bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados também
fez, nesta segunda, uma representação junto ao TCU pedindo a apuração do caso.
Já a bancada do PSOL foi mais longe: os parlamentares pediram à PGR
(Procuradoria-geral da Rpública) que avalie se o episódio possa se enquadrar
nos crimes de prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Segundo o PSOL, devem ser investigados os atos de
Bolsonaro, do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e de
Marcelo Moreira, diretor-presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
Fonte: Noticias Uol.
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