Os preços do litro de leite ao produtor em maio, referente ao produto entregue aos laticínios em abril – devem superar R$ 2,00, na Média Brasil, calculada a partir de dados dos estados da BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS. É o que indica o Boletim do Leite de Maio, divulgado, nesta quarta-feira (19), pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Segundo o Cepea, pesquisas ainda em andamento apontam um
cenário de oferta limitada de leite no campo em consequência do clima seco e da
elevação dos custos de produção. Por isso, a expectativa é que o movimento de
valorização do produto ganhe força já no pagamento de maio, (que se refere à
captação de abril), de modo que, na Média Brasil, os preços devam ultrapassar o
patamar de R$ 2,00/litro.
Como é de se esperar, o menor volume de chuvas nesta
época do ano diminui a disponibilidade e a qualidade das pastagens, afetando
negativamente a alimentação volumosa do rebanho e a produção de leite. Com a
oferta reduzida, observa-se a elevação sazonal dos preços no campo entre março
e agosto. Contudo, neste ano, a seca tem sido mais intensa, atingindo com
gravidade importantes bacias leiteiras do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país.
Além das pastagens, a falta de chuvas tem diminuído também a produtividade das
lavouras de milho e a qualidade da silagem de produtores de leite.
Para agravar a situação, os custos de produção vêm
registrando altas consecutivas. Insumos importantes para a produção de
volumoso, como adubos e fertilizantes, são importados, e a desvalorização
cambial tem elevado as cotações desses produtos. Ao mesmo tempo, os custos com
concentrado continuam elevados, refletindo a menor disponibilidade de grãos no
mercado interno.
Assim, mesmo com a valorização do leite no campo, a
margem do produtor tende a continuar prejudicada. A dificuldade em manter a
atividade rentável tem levado muitos produtores a aumentar o abate de vacas,
uma vez que as cotações no mercado de corte estão atrativas. Contudo, o
descarte de vacas é um indicador de que a produção de leite deve demorar a se
elevar, mesmo diante do estímulo dos preços, o que deve reforçar o cenário de
limitação da oferta nos próximos meses.
A oferta limitada de leite impactou negativamente os
estoques de derivados lácteos nas indústrias e atacados em abril. A pesquisa do
Cepea realizada com apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas
Brasileiras) mostrou que os laticínios têm conseguido repassar a alta da
matéria-prima aos derivados. No entanto, o menor poder de compra do consumidor
e a pressão dos canais de distribuição limitaram maiores valorizações. É
importante frisar que o aumento do desemprego, a elevação da inflação e o
avanço da pandemia têm fragilizado a demanda, o que pode frear a intensidade da
valorização do leite no campo, mesmo no contexto de baixa disponibilidade e
custos elevados.
Fonte: Agroemdia
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