Mais de um milhão de potiguares vivem constantemente a
realidade de não saber o que vão comer, nem quando vão fazer a próxima
refeição. Os números não são exatos, são projetados com base em dados do IBGE,
mas refletem o que vemos diariamente nas ruas. A pandemia agravou a situação de
vulnerabilidade de famílias inteiras Brasil afora. 2020 e a maior crise
sanitária do século trouxeram também uma crise social sem precedentes.
Divulgado o Relatório Luz, elaborado por ONGs –
entre elas a Ação da Cidadania, aponta que o Brasil voltou ao Mapa da Fome, do
qual tinha saído em 2014, depois de reduzir em 82% a fome, desnutrição e
subalimentação nos 12 anos anteriores. Em todo o país, mais da metade de
população, 113 milhões de pessoas estão em situação de vulnerabilidade alimentar.
Destas, 19 milhões vivenciam efetivamente a situação de fome.
A situação é gravíssima e a atuação de ONGs e iniciativas
da sociedade civil ajudam a amenizar o impacto da crise. No RN, a ONG Avoante,
em parceria com a Ação da Cidadania, distribuiu 8.650 cestas básicas (cerca de
103 toneladas de alimentos) desde o início da pandemia. Outras 2 mil cestas
devem chegar ao Estado neste fim de semana. “O Brasil, em vez de incrementar os
investimentos nas áreas sociais, reduziu esses recursos. Cabe então à sociedade
civil se indignar com essa realidade e se organizar para intervir das mais
diversas formas em busca de uma solução. Diversas ONGs, coletivos, associações
e até mesmo iniciativas individuais já vem acontecendo nesse sentido”, diz
Carlos Freire, coordenador da ONG Avoante.
A campanha Brasil sem Fome, da Ação da Cidadania, se
encarrega da arrecadação de fundos para aquisição destes alimentos, enquanto a
Avoante é responsável pela distribuição no RN. Por causa da pandemia, as
doações estão sendo feitas apenas em dinheiro, no site
www.brasilsemfome.org.br, e são 100% revertidas em alimentos. No Estado, mais
de 6 mil famílias já foram beneficiadas.
O relatório divulgado hoje também aponta que das 169
metas analisadas por organizações não governamentais, entidades e fóruns da
sociedade civil brasileira, mais de 80% delas estão em retrocesso, estagnadas
ou ameaçadas, incluindo a erradicação da pobreza, fome zero e redução de
desigualdades. Não há uma meta sequer com avanço satisfatório.
"Quando falamos em mais de 100 mil quilos de alimentos distribuídos pensamos tratar-se de muita coisa, mas frente a essa realidade que estamos vivendo ainda é muito pouco. Precisamos, cada vez mais, da participação efetiva da sociedade civil. Convido todos a darem sua contribuição, seja ela qual for", finaliza Carlos.
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