O presidente Jair Bolsonaro fez nesta terça (21) o
discurso de abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Desde 1947,
o representante do Brasil é o primeiro a discursar.
Apesar de Nova York exigir comprovante de vacinação para
entrar na cidade e circular em espaços públicos fechados, as comitivas de
líderes mundiais foram informadas pela ONU de que haveria exceção diplomática e
atestados de vacinação não seriam cobrados. Isso ocorreu pois Bolsonaro é o
único dos presidentes do G20 que não se vacinou contra Covid, que já matou mais
de 4,7 milhões no mundo inteiro.
Abrindo o discurso na ONU, Bolsonaro afirmou: “Venho aqui
mostrar um Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em
televisões”. E o que se sucedeu após isso foram inúmeras falas provando que o
presidente vive em sua própria realidade, sendo questionável sua sanidade
mental.
Ignorando as investigações sobre o caso da Covaxin,
Rachadinhas e o Pix do Voto Impresso, Bolsonaro afirmou: “Estamos há 2 anos e 8
meses sem qualquer caso de corrupção”.
Bolsonaro mentiu na ONU e demonstrou estar preso no
século passado: “Estávamos à beira do socialismo. Apresento agora um novo
Brasil, com credibilidade reconhecida em todo o mundo” e acrescentou:
"Recuperamos a credibilidade internacional do Brasil", porém, o que
se viu foram os líderes e representantes abandonando a sala durante o seu
discurso.
Em mais uma fala, o presidente disse: “Nenhum país do
mundo possui uma legislação ambiental tão completa quanto a nossa. Nossa
agricultura é sustentável e de baixo carbono”. O que não condiz com a realidade
visto que, em dois anos, Bolsonaro se desfez dos órgãos que cuidam de questões
ambientais, indígenas e agrícolas.
Seguindo a linha de mentiras, Bolsonaro inventou dados
sobre o desmatamento na Amazônia em agosto. Ele fala em 32% de redução em relação
ao mesmo mês de 2020. Segundo o Imazon, houve aumento de 7%, um recorde desde
2012.
Além disso, o Brasil é o 4º país que mais mata defensores
ambientais no mundo. Foram 20 ativistas assassinados em 2020. O país está atrás
apenas da Colômbia (65), México (30) e Filipinas (29), segundo o blog
Ambiênica.
Entre todas as mentiras contadas, a mais vergonhosa foi
a: “Concedemos um auxílio emergencial de 800 dólares para 68 milhões de pessoas
em 2020”. Na cotação desta terça, (21) do dólar, o governo Bolsonaro teria pago
R$ 4.256,00 em auxílio emergencial. Porém, isso não condiz com a realidade,
visto que em 2020 o valor pago foi de R$ 600,00. Em 2021, os valores do
benefício são de R$150 para solteiros, R$ 250 para famílias e R$ 375 para mães
solteiras.
Seguindo seu roteiro fictício, Bolsonaro valorizou em seu
discurso os números da vacinação no Brasil. Porém, ele nunca fez um
pronunciamento incentivando os cidadãos a se vacinarem. Muito pelo contrário
disse que fez tratamento precoce contra a Covid: “Nosso governo é contra a
vacinação obrigatória”. Ele também disse não entender por que líderes de outros
países não defenderam o tratamento precoce. “Não entendemos por que muitos
países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento
inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, afirmou.
Em suma, Bolsonaro ignora crise energética, infla números
de manifestação bolsonarista com falas golpistas e inconstitucionais, diz que
desmatamento ilegal da Amazônia teve queda de mais de 30% e ataca governadores,
prefeitos e imprensa brasileira em defesa de tratamento precoce contra Covid-19
na ONU.
Vale lembrar que o Brasil é um dos países com mais mortos
por Covid-19 no mundo, com quase 590 mil vítimas. E em seu discurso, além de desdenhar
da realidade de todos os brasileiros, Bolsonaro vive seu próprio mundinho e
mente que nem sente.
No entanto, o presidente esquece que quem tem fome sente,
quem está desempregado sente e quem perdeu alguém para a Covid também sente, e
não há mentira nesse mundo que cure isso.