Com celulares nas mãos e a
criação de grupos nas mídias sociais, a base produtora do setor leiteiro rompeu
as porteiras das propriedades para levar suas dificuldades, angústias e
reivindicações aos formuladores de políticas públicas. A mobilização de
coletivos como o Construindo Leite Brasil, Inconfidência Leiteira, Aliança e
FAção, União e Ação e Aproleite Goiás, chega agora a sua maior conquista: a
instalação da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL) na Câmara
Federal. A FPPL será oficializada nesta quarta-feira (27), às 10h, em
solenidade no Salão Nobre da Câmara dos Deputados. A ministra da Agricultura,
Tereza Cristina, deve participar da solenidade.
A criação da FPPL vinha sendo articulada há meses pela
base produtora e pelo deputado federal Vitor Hugo (PSL-GO). Em meados de
setembro, após uma intensa mobilização de Sul e Norte do país, os produtores de
leite conseguiram reunir cerca de 200 assinaturas de deputados federais para
instalar a FPPL, que será presidida pelo parlamentar goiano. O foco do
colegiado será o debate e a formulação de propostas de políticas públicas que
venham a contribuir para garantir sustentabilidade socioeconômico ao setor, que
há mais de cinco anos enfrenta uma série de adversidades, com a perda acentuada
da rentabilidade do produtor e o crescente abandono da atividade.
“Nossa prioridade é criar condições para que os
produtores consigam ficar independentes do domínio dos grandes laticínios.
Hoje, eles não sabem quanto vão receber pelo litro de leite entregue à
indústria nem quando será o pagamento”, disse Vitor Hugo ao AGROemDIA, em entrevista no dia
18 de setembro deste ano.
Força política
“A frente parlamentar permitirá que os produtores de
leite ganhem força política para pautar assuntos que envolvam a base produtora,
a fim de possamos propor ações em defesa do setor, buscando o reposicionamento
dentro da cadeia lácte”, enfatizou Marco Sérgio Xavier, presidente da Aproleite
GO e representante dos movimentos Aliança e Ação e União e Ação, em entrevista
no mês passado.
Uma das lideranças do movimento Construindo Leite Brasil,
o produtor gaúcho Joel Dalcin acrescentou: “O produtor precisa participar e
influenciar nas tomadas de decisões, porque conhece os desafios do setor”.
“Precisamos ter um produtor forte para produzir cada vez
com mais qualidade para atender a indústria láctea e ainda ter volume para
exportar”, acrescentou Rafael Hermann, outra liderança do Construindo Leite
Brasil e produtor em Boa Vista do Cadeado (RS).
“Na FPPL, teremos um grupo de deputados trabalhando na
pauta do leite, mas também caberá a nós municiá-los com pedidos e sugestões de
projetos de lei e fazer com que andem aquelas propostas que já estão lá”,
pontuou Leonel Fonseca, produtor em Pelotas (RS) e também um dos líderes do
Construindo Leite Brasil.
“Sem o apoio do Legislativo, toda a luta ficaria voltada
somente ao Executivo, onde nem tudo pode ser resolvido. O leite brasileiro é
composto por milhões de produtores. Somos um universo bem representativo da
população brasileira. E a FPPL tem a mesma característica. Estamos só iniciando
um trabalho no campo legislativo e o sabemos que o caminho a ser percorrido é
longo”, enfatizou Awilson Viana, produtor em Minas Gerais e um dos líderes do
Inconfidência Leite.
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