Servidores da saúde do Rio Grande do Norte iniciaram, nesta
quarta-feira (27), a primeira atividade de mobilização da greve da categoria,
em frente ao maior hospital público do Estado, o Hospital Estadual Walfredo
Gurgel. Uma audiência está prevista para esta quinta-feira (28) com a
governadora Fátima Bezerra, na qual acontecerá mais uma rodada de negociações
das pautas da categoria. A greve é por tempo indeterminado.
O movimento reuniu servidores de hospitais e unidades de saúde do Estado. Participam da greve os profissionais da enfermagem, técnicos de enfermagem, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros trabalhadores vinculados à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). O sindicato não informou quais serviços foram afetados com a greve, mas garantiu que vai respeitar os 30% da Lei de Greve.
“O motivo principal é não recebimento do Sindsaude por parte do Governo em quase todo o ano. Desde maio pedimos audiências. Diversas categorias conseguiram reajuste. Não pedimos reajustes, queremos o plano de cargos. O Governo está protelando o final desse relatório. Não é reajuste, é correção inflacionária desse periodo de 12 anos que estamos sem reajustes", explica Breno Abott, coordenador geral do Sindicato.
Entre as reivindicações da categoria estão um
reajuste salarial, que segundo o Sindicato dos Servidores em Saúde do Rio
Grande do Norte (Sindsaúde RN), não acontece há 12 anos. Além disso, os
servidores cobram a organização do ponto eletrônico que não abarca todas as
categorias de forma isonômica e reclamam do atraso por parte do Governo do
Estado na apresentação do impacto financeiro das tabelas do Plano de Cargos
(PCCR), entre outros temas.
"Essa correção vai impactar em torno de 40% no salário dos servidores. Tivemos assessoria do Dieese, entregamos os cálculos, mas o governo não apresentou o impacto financeiro nem disse se vai repor esses salários", acrescenta Abott.
Na semana passada, na terça-feira (19), os servidores já haviam promovido outro ato em frente a Governadoria do RN, no Centro Administrativo, onde exigiram ser recebidos por interlocutores do Governo do Estado. Na ocasião, o Chefe de Gabinete do Governo, Raimundo Alves, recebeu uma comissão formada pela direção do Sindsaúde/RN e servidores da base para ouvir as pautas de reivindicação da categoria.
Segundo o sindicato, o Governo se comprometeu, em
até meados de novembro, encaminhar a minuta do PCCR para a Assembleia
Legislativa. A comissão desses servidores também solicitou a revisão da folha
referente ao 13° de 2018 que foram pagas sem considerar os plantões
eventuais e também destacou os problemas em relação às empresas terceirizadas
que prestam serviço dentro dos hospitais do Estado, como também a implantação
do ponto eletrônico.
O enfermeiro Carlos Alexandre Pereira, também da direção do Sindsaúde RN, lamenta que a saúde do Estado precise entrar em greve justamente na pandemia de coronavírus. Ele citou que os trabalhadores da saúde não pararam de trabalhar desde a chegada da Covid, o que não se reflete na valorização da carreira dos profissionais.
“Essa pandemia amplamente disseminada e nem isso foi suficiente para o governo ter um olhar mais clínico para a saúde. Cobramos que o Governo olhe para a saúde. Doze anos sem reajuste? Tem profissionais que entram recebendo um salário mínimo fazendo essa profissão linda e importante. Não temos como trabalhar de casa. Ficamos dentro dos hospitais nessa pandemia”, cita.
Quem chegou cedo para participar do ato foi o técnico de enfermagem do Hospital João Machado, Jean Araújo, há 23 anos no serviço público. “Espero que a governadora tenha um pouco de compaixão por nós. Na Covid, a comissão de frente fomos nós. Infelizmente temos que partir para greve porque estamos há 12 anos sem aumento. Estamos passando necessidade, tendo que trabalhar em dois, três hospitais. O Governo está aí sem querer dar um pequeno aumento para gente. Só cobrança, perseguição, humilhação. O trabalho não para”, cita.
0 comentários:
Postar um comentário