O plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (24)
projeto de lei que estabelece um piso salarial nacional para enfermeiros,
auxiliares e técnicos em enfermagem. O texto da relatora, Zenaide Maia
(Pros-RN), prevê o piso salarial de R$ 4.750 para os enfermeiros com uma carga
de 30 horas semanais, seja da rede pública ou privada, seja das Santas Casas.
Mesmo abaixo do proposto no texto original, R$ 7,3 mil, o novo valor foi bem
recebido pelo Conselho
Federal de Enfermagem.
Pelo projeto, os técnicos receberão 70% do piso do
enfermeiro, ou seja, R$3.325, e os auxiliares de enfermagem e parteiras, R$
2.375. O texto estabelece que a correção anual será feita pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC). A versão final foi resultado de acordo feito em
torno de uma emenda apresentada pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Há
reação à iniciativa por parte de prefeitos, que alegam que a medida poderá
inviabilizar a gestão municipal por não obrigar a União a participar dos
pagamentos das diferenças salariais. O impacto estimado por eles é de R$ 20
bilhões apenas para as prefeituras.
A criação do piso salarial nacional representa uma
conquista para os 2,5 milhões de profissionais de enfermagem. Entre eles, quase
2 milhões de técnicos e auxiliares, que estão especialmente vulneráveis aos
subsalários, como demonstram os dados da Pesquisa Perfil da Enfermagem no
Brasil, da Fiocruz. Em 2015, quase metade dos profissionais (45%) recebiam
salários abaixo de R$ 2 mil. Somente quatro em cada 100 recebiam mais de R$ 5
mil.
“Votar contra enfermeiro hoje é difícil. A pandemia
escancarou a importância que esse povo tinha mesmo tendo direitos subtraídos.
Quem está vacinando 24 horas em drive-thru não é o medico. São os enfermeiros.
Sou médica e tenho respeito muito grande pela equipe de enfermagem”, disse
Zenaide Maia ao Congresso em Foco
Para o autor da proposta, Fabiano Contarato (Rede-ES), a
aprovação do projeto é a maior e mais justa homenagem que o Congresso pode
fazer a esses profissionais. “É uma dívida do Brasil com esses heróis
imprescindíveis na vida da população e na garantia constitucional do direito à
saúde. Piso salarial já”, afirmou Contarato. O senador também agradeceu o apoio
da categoria e dos parlamentares à iniciativa.
Hoje a legislação não prevê piso para a categoria. O
texto prevê que o piso nacional valerá para enfermeiros, técnicos e auxiliares
contratados sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e para
servidores públicos da União, dos estados e dos municípios.
O projeto será enviado agora à Câmara. Se passar pelo
crivo dos deputados sem alterações, será encaminhado ao presidente Jair
Bolsonaro, que poderá sancioná-lo ou vetá-lo.
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