Buscando acordo para aprovar a PEC (Proposta de
Emenda à Constituição) dos Precatórios no Senado, o relator da proposta na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), recebeu
uma sugestão de novo texto. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), José
Aníbal (PSDB-SP) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) elaboraram uma versão da
PEC e a apresentaram a Bezerra.
Segundo o senador, ainda não há consenso, uma vez que os
colegas propõem o pagamento integral dos precatórios ainda em 2022. O governo
tenta realizar o parcelamento dos mais de R$ 89 bilhões de dívidas já
reconhecidas definitivamente pela Justiça com um “drible” na regra do teto
de gastos.
“A minha primeira avaliação é de que ainda estamos
distantes porque o núcleo da proposta dos senadores trabalha com o pagamento
total dos precatórios para o ano de 2022. E a criação do subteto e das
excepcionalidades para pagar fora do teto ficariam para o ano de 2023”, afirmou
Bezerra após a reunião.
O texto elaborado em conjunto por Vieira, Aníbal e
Oriovisto deve abrir um espaço fiscal de R$ 99 bilhões, permitindo que os
precatórios de pequeno valor sejam pagos fora do teto de gastos. As chamadas
RPVs (Requisições de Pequeno Valor) não seriam contabilizadas na regra, que
limita os gastos do governo ao valor do Orçamento do ano anterior corrigido
pela inflação acumulada entre julho do ano anterior até junho do ano em
exercício. Na proposta aprovada pela Câmara, o novo limite passará a ser
calculado pela inflação acumulada até junho do ano em vigor e do valor estimado
do índice até dezembro do mesmo ano.
Com a exclusão das RPVs do teto, segundo a proposta dos
três senadores, o espaço fiscal aberto seria reservado exclusivamente para as
despesas da seguridade social, viabilizando o pagamento do Auxílio
Brasil no valor de R$ 400. “Esta mudança assegura em 2022 um espaço de
cerca de R$ 89 bilhões, o que representa a correção integral dos benefícios
previstos no Projeto de Lei Orçamentária de 2022 e o auxílio de R$ 400 para
cerca de 21 milhões de brasileiros”, diz a justificativa apresentada pelos
senadores.
O chamado “subteto”, que limita o pagamento dos
precatórios no próximo ano, não existe na proposta dos senadores, o que, de
acordo com o relator, deve gerar debate mais acalorado nos próximos dias.
“O governo entende que a criação do subteto é um
instrumento importantíssimo para melhorar a gestão dos precatórios. Essa é uma
discussão que deve ganhar um debate mais acalorado durante a próxima semana
porque existem propostas inclusive de se promover uma avaliação mais aprofundada
sobre a gestão dos precatórios”, afirmou o líder do governo e relator da PEC.
A proposta apresentada a Bezerra também sugere acabar com
as chamadas emendas de relator, que ganharam o apelido de “orçamento
secreto” graças à pouca transparência em torno dos pagamentos. Os
senadores propõem ainda o fim das emendas de comissão — destinadas às comissões
temáticas da Câmara e do Senado.
“Na realidade essa é uma discussão que foge um pouco do
escopo da PEC na visão do governo. Na visão dos senadores José Aníbal,
Alessandro Vieira e Oriovisto Guimarães, na proposta que eles estão
apresentando, eles sugerem a eliminação da emenda de relator. Então vem na
proposta”, frisou Bezerra.
R7
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