O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do RN (Sindsaúde) publicou uma nota nesta quinta-feira (11) em defesa do trabalho dos profissionais da saúde e escancarando ainda mais a crise instalada na saúde pública do RN.
Os profissionais citaram o caso de José Williams, homem que morreu após ter socorro negado no Hospital Walfredo Gurgel, e lamentaram estarem sendo atacados e culpabilizados pelo ocorrido, mesmo trabalhando em um sistema burocrático, ineficaz, “salários defasados” e uma “sobrecarga de trabalho desumana”.
Segundo a nota, o que parte da população usuária do SUS não sabe e a SESAP esconde é que, tanto no Estado quanto no Município, existe um Sistema de Regulação “ineficaz que os trabalhadores da saúde são obrigados a seguir mesmo sem as menores condições”.
Ainda conforme a publicação do sindicato, no dia em que José Williams morreu, na última sexta-feira (05), o hospital inteiro só contava com a presença de dois médicos, visto que por falta de pagamento das cooperativas, muitos profissionais encontram-se hoje em greve.
Os servidores afirmam ainda que além da categoria dos médicos, mesmo em estado de greve os demais servidores da saúde estadual como um todo continuam trabalhando e cumprindo o percentual obrigatório de 30% para os atendimentos. Muitas vezes, devido à superlotação, até mais de 50% ou 70% de pessoal fica no setor do hospital, pois não é possível cumprir nem o mínimo do direito que a greve dá.
“Estamos falando de pessoas que trabalham com jornadas duplas e até triplas, com salários defasados, com uma sobrecarga de trabalho desumana, fazendo malabarismos todos os dias para prestar um atendimento digno à população”, diz a nota.
O Sindsaúde cobrou ainda que o Governo do Estado “dê ao Servidor Público da saúde condições de trabalhar”. E acrescentou: “A culpa não é do trabalhador, a culpa é desse sistema incapaz de suprir a alta demanda e dessa burocracia criada para prestar serviços que são de urgência para a população. Quantos morreram sem a chance de gravar um vídeo? Quantos mais precisarão morrer?”, questiona.
Confira a íntegra da nota:
O trabalhador também é vítima!
Após a divulgação da triste busca de José Willians da Rocha por atendimento médico cujo fim se deu, infelizmente, com sua morte, os trabalhadores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel passaram a ser cruelmente atacados e culpabilizados pelo ocorrido como se tivessem negado atendimento ao paciente. A Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP) abriu, logo após o episódio, uma sindicância para investigar quais trabalhadores estavam de plantão no dia como se, de fato, procurassem um culpado.
O que boa parte da população usuária do SUS não sabe (e a SESAP faz questão de esconder) é que, tanto no Estado quanto no Município, existe um Sistema de Regulação ineficaz que os trabalhadores da saúde são obrigados a seguir mesmo sem as menores condições. O primeiro contato do paciente ao chegar em uma Unidade como o Walfredo Gurgel é feito pelo setor de Classificação de Risco. O certo é que este acolhimento seja feito por uma equipe composta por um profissional da enfermagem, técnicos de enfermagem e, no mínimo, um médico.
No fatídico dia, segundo a entrevista de Maria de Fátima Pereira Pinheiro, diretora do WG, para a Tribuna do Norte, o Hospital inteiro só contava com a presença de 2 médicos, visto que por falta de pagamento das cooperativas, muitos profissionais encontram-se hoje em greve. Além da categoria dos médicos, esclarecemos que mesmo em estado de greve, os demais servidores da saúde estadual, continuam trabalhando e cumprindo o percentual obrigatório de 30% para os atendimentos, ainda assim, muitas vezes devido a superlotação, até mais de 50% ou 70% de pessoal fica no setor do hospital, pois não é possível cumprir nem o mínimo do direito que a greve dá. Por isso, é muito importante que a população entenda o movimento de greve trabalhista e não deslegitime a luta destes profissionais. Vejam a realidade mostrada no vídeo desta publicação, estamos falando de pessoas que trabalham com jornadas duplas e até triplas, com salários defasados, com uma sobrecarga de trabalho desumana, fazendo malabarismos todos os dias para prestar um atendimento digno à população.
A cada José Willians que morre todos os dias na busca por uma atendimento na rede pública de Saúde do Rio Grande do Norte, acreditem, morre também um pouco de cada trabalhador que gostaria de ter condições de atendê-lo dignamente. É muito mais fácil dizer que foi má vontade ou que a culpa é dos grevistas que tem preguiça de trabalhar do que investigar a fundo as falhas do sistema de regulação que rege os atendimentos do Estado hoje. As assistentes sociais, técnicos de enfermagem, vigilantes e demais trabalhadores não têm culpa! Governo do Estado, dê ao Servidor Público da saúde condições de trabalhar que assim eles o farão. A culpa não é do trabalhador, a culpa é desse sistema incapaz de suprir a alta demanda e dessa burocracia criada para prestar serviços que são de urgência para a população. Quantos morreram sem a chance de gravar um vídeo? Quantos mais precisarão morrer?
Fonte: Portal Grande Ponto
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