Os membros da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do
Senado aprovaram nesta quinta-feira (24) requerimento de convite ao ministro
Milton Ribeiro (Educação) para explicar a existência de um balcão político para
liberação de verbas para municípios.
O requerimento foi aprovado de maneira simbólica pelos
senadores, e a audiência com a participação do ministro ficou agendada para a
próxima quinta-feira (31).
Inicialmente, o requerimento previa a convocação do ministro,
modalidade na qual a presença é obrigatória e que carrega um forte simbolismo.
No entanto, após intervenção de governistas, que alegaram que
o ministro se ofereceu para comparecer para prestar esclarecimentos, optou-se
pela troca da modalidade para convite. Também houve alteração da data, que inicialmente
seria na terça-feira (29) e depois foi adiada.
Milton Ribeiro se tornou alvo de grande pressão após o
surgimento de indícios de esquema informal de obtenção de verbas envolvendo
dois pastores sem cargo público.
Prefeitos apontam que o balcão seria operado pelos pastores
Gilmar Santos e Arilton Moura e priorizava a liberação de valores para gestores
próximos a eles e a prefeituras indicadas pelo centrão, bloco político de
sustentação ao governo.
A situação do ministro se agravou na segunda-feira, após a
revelação pela Folha de áudio em que Milton Ribeiro afirma que o governo
prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos
pastores Gilmar e Arilton.
Na gravação, o ministro diz ainda que isso atende a uma
solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e menciona pedidos de apoio que
seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A atuação dos
pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S.
Paulo.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez
para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro na conversa obtida
pela Folha em que participaram prefeitos e os dois religiosos.
Em seguida, o prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município
maranhense de Luis Domingues, afirmou que um dos pastores que negociam
transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para
conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade.
A declaração do prefeito foi dada ao jornal O Estado de S.
Paulo, e a Folha confirmou com outras duas pessoas presentes no local onde o
pedido de propina foi feito.
Nesta quinta, o requerimento de convite ao ministro, de
autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cita a reportagem da Folha.
Afirma ser necessária a participação do ministro para explicar “gravíssimos e
aviltantes fatos”.
“Os fatos narrados são gravíssimos e cabe a este Parlamento,
por meio da Comissão temática de Educação de sua Casa Alta, a apuração com
rigor dos eventos, o que só será possível com o comparecimento pessoal do
ministro em questão para prestar os devidos esclarecimentos”, afirma o senador
no requerimento.
Em meio à pressão, Milton Ribeiro passou os últimos dias
telefonando para parlamentares indicando que estaria disposto a apresentar
explicações, tentando evitar a sua convocação. Entrou em contato com os
presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e
Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Folha de S. Paulo
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