Após os áudios de Ciro
Nogueira e Paulinho
da Força divulgados nesta sexta-feira (15) por O Antagonista, o Solidariedade acelerou
uma discussão interna que pode resultar na retirada do apoio a Lula em âmbito
nacional.
Em tese, o estopim da crise entre Paulinho e os petistas
foram as
vaias recebidas pelo deputado ontem em evento com o ex-presidente
petista e representantes de centrais sindicais em São Paulo.
Na ocasião, segundo registro
do UOL, Paulinho foi chamado de “traidor” por ter votado a favor do impeachment de
Dilma Rousseff, em 2016. O presidente do
Solidariedade chegou a participar ativamente da campanha “Tchau, querida” e
aderiu a Michel Temer antes
mesmo do início do governo do emedebista. No áudio enviado a Ciro Nogueira mais
cedo, Paulinho sugere que o PT possa ter orquestrado as vaias dos militantes.
Bem, não é a primeira vez que Paulinho da Força é chamado
de “traidor” em razão do seu
posicionamento no impeachment de Dilma. E, é óbvio, ao decidir apoiar a volta
de Lula ao poder, ele tinha a plena noção de que protestos como esse seriam
mais do que esperados.
Em 25 de março, por exemplo, como
registramos, ao filiar a ex-petista Marília Arraes ao Solidariedade,
Paulinho foi provocado a falar do assunto. Com muita tranquilidade, ele
respondeu, entre outras coisas: “O problema da Dilma não foi
só comigo. Com quem Dilma teve boa relação? Acho que nem com o Lula ela teve
boa relação”.
Por coincidência ou não, os áudios trocados entre o
ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro e Paulinho ocorrem no dia seguinte ao
evento em que, além de ter recebido vaias, o presidente do Solidariedade ouviu de Lula que não
há intenção de recriar o imposto sindical —
extinto na reforma trabalhista de Temer (ironicamente, apoiado por Paulinho) —
em eventual novo governo petista.
“Nós não precisamos recriar
imposto sindical. Trabalhador não gosta de imposto sindical. É o dia em que o
dirigente sindical é mais xingado, quando chega o dia de descontar um dia do
imposto dele. O que a gente quer é ter um artigo na lei que diz que as finanças
dos sindicatos serão decididas em assembleia livre, convocada pelo sindicato. É
só isso que nós queremos”, disse Lula, em seu discurso ontem.
Ciro Nogueira conhece as
fragilidades expostas nos porões de Brasília. Sabe que
Paulinho anda irritado com Lula (assim
como muitos outros aliados). Sabe que Paulinho não acredita em
candidatura do chamado “centro democrático”.
Sabe que Paulinho não teria problema algum em sentar-se novamente para negociar
com Bolsonaro, como
o fez, por exemplo, no fim de 2019, para tratar da legalização dos jogos de
azar, ou no início da pandemia de Covid, em 2020, quando o
presidente começou a entregar o governo nas mãos do Centrão.
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