Turbinada por novos aumentos nos preços dos combustíveis e
dos alimentos, a inflação oficial no País alcançou 1,06% em abril, a mais
acentuada para o mês desde 1996, segundo os dados do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A taxa acumulada em 12 meses subiu a 12,13%, o resultado
mais elevado desde outubro de 2003, afastando-se ainda mais da meta de inflação
perseguida pelo Banco Central este ano, de 3,5%, que tem teto de tolerância de
5%.
No mês de
abril, houve alívio na conta de luz, que recuou 6,27% pelo fim da vigência da
bandeira tarifária de Escassez Hídrica. Desde 16 de abril, passou a vigorar a
bandeira tarifária verde, extinguindo a cobrança extra que acrescentava R$
14,20 a cada 100Kwh consumidos, em vigor desde setembro do ano passado.
No entanto, os gastos com alimentos e transportes pesaram mais no bolso das famílias. Os aumentos de 2,06% nos preços de alimentação e bebidas e de 1,91% no gasto com deslocamento responderam juntos por certa de 80% do IPCA do mês. As famílias pagaram mais pelo leite longa vida (10,31%), batata-inglesa (18,28%), tomate (10,18%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%).
"A gente vê, pelas aberturas do IPCA, que o quadro continua bastante preocupante", avaliou o economista Daniel Lima, do Banco ABC Brasil. Para Lima, o cenário de curto prazo impõe uma tendência de revisão de sua projeção de inflação para este ano, dos atuais 8,4% para um nível próximo de 9,0%.
Os combustíveis ficaram 3,20% mais caros, os grandes vilões da inflação de abril, seguidos pelos remédios, que subiram 6,13% e contribuíram com 0,19 ponto porcentual para o IPCA após autorização de reajuste nos medicamentos. Os combustíveis foram responsáveis diretamente por 0,25 ponto porcentual da inflação de abril. No entanto, as elevações nesses preços costumam levar a uma disseminação de altas em outros produtos e serviços da economia, contou Almeida.
A gasolina subiu 2,48% em abril, um impacto de 0,17 ponto porcentual no IPCA. Houve altas também nos preços do etanol (8,44% e impacto de 0,07 ponto porcentual), óleo diesel (4,74% e impacto direto de 0,01 ponto porcentual) e gás veicular (0,24%, com impacto próximo de zero, pelo peso pequeno que tem no índice).
“Os combustíveis são usados para frete para diversos produtos. Então a alta de combustíveis pode influenciar sim a alta de preços de outros subitens também”, afirmou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Segundo ele, o encarecimento dos alimentos ocorre pela pressão da valorização de commodities e de problemas climáticos em algumas lavouras. A guerra na Ucrânia afetou o bolso do consumidor brasileiro via encarecimento de grãos como a soja e o trigo, que se refletiram em aumentos de preços do óleo de soja e do pão francês, mas também de produtos de origem animal, por conta da elevação no custo da ração.
“Conflitos internacionais podem acabar gerando influência no preço das commodities. A gente tem subitens que acabam influenciados pelo preço das commodities: óleo de soja, pão francês, as carnes”, enumerou Almeida.
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