Os professores que atuaram na rede estadual de ensino do
Rio Grande do Norte entre os anos de 1998 e 2007 ganharam na justiça o direito
de receber 60% dos quase R$ 280 milhões (R$ 279.681.075,37) repassados pelo
Governo Federal através de precatórios do antigo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef)
ao Governo do Estado, através de uma ação da Justiça.
A decisão que destina parte dos precatórios ao pagamento
de professores é recente e foi publicada nesta quinta (28). Além dos
profissionais que continuam na ativa, pensionistas e aposentados que atuaram no
período também farão parte do rateio. Ainda não há um levantamento de quantos
professores seriam beneficiados, nem de quanto cada um receberia.
O repasse dos R$ 279.681.075,37 já foi feito ao Governo
do Estado, segundo a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública
do Rio Grande do Norte (Sinte/RN), mas o pagamento ainda será negociado porque
o Governo do Estado planejava usar o dinheiro para construir 12 Institutos
Estaduais de Educação Profissional do Rio Grande do Norte (IERN’s), escolas da
rede estadual de ensino com um padrão de qualidade semelhante aos atuais
Institutos Federais (IFRN’s).
Para o projeto, o Governo do Estado calculava aplicar R$
400 milhões, sendo R$ 280 milhões dos precatórios e R$ 120 milhões de recursos
próprios. Como o Estado ainda tem direito a recorrer da decisão para usar
o dinheiro na construção dos Institutos, a direção do Sinte/ RN já adiantou que
prefere negociar com Estado uma forma de receber esse pagamento para apressar o
processo e evitar uma maior demora da causa na justiça.
“Foi o próprio Sinte que estimulou o Estado e municípios
para que entrassem na Justiça para reaver esse dinheiro. Todos os municípios
têm direito a um percentual em cima desse valor. Nísia Floresta, por exemplo,
entrou com ação na justiça, ganhou e já fez o rateio. Já a prefeitura de Natal
negligenciou a questão e o Sinte não tem acesso à informação de como está a
questão na capital”, detalha Fátima Cardoso.
Pela legislação, os recursos do Fundef são carimbados e
há um percentual que, obrigatoriamente, tem que ser usado para pagamento dos
profissionais da educação. No entendimento da direção do Sinte/ RN, como o
dinheiro não veio, os professores não receberam o que lhes era de direito à
época.
VERBA DE PRECATÓRIOS
Desde 1998, quando foi criado o Fundef, o Governo Federal
ficava em dívida com estados e municípios. A ação que resultou nos recursos
para o RN foi iniciada em 2003 e durou 18 anos. O valor repassado ao estado é
resultado de um acordo do “incontroverso”, mas o Estado ainda luta para receber
outra parcela referente ao “controverso”, pontos aos quais não se chegou a um
acordo. Pelos cálculos do Governo do RN, a União ainda deve um total de R$ 1,5
bilhão.
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