O senador Jorge Kajuru (Podemos) protocolou recentemente
uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o objetivo de acabar com o
instituto da reeleição para o cargo de presidente da República, governador e
prefeito. A PEC prevê, também, um mandato único de 05 (cinco) anos
Segundo o senador, “sucessivas eleições, na vigência da
Carta de 1988, nos revelam a existência de obstáculos legais importantes à
renovação dos mandatos eletivos. No caso específico do Poder Executivo, a regra
da reeleição demonstra a cada pleito, a enorme vantagem do Presidente, dos
governadores e prefeitos em exercício sobre os demais candidatos. A
concorrência entre os mandatários e os demais candidatos é desigual e a derrota
dos candidatos à reeleição ocorre apenas em circunstâncias muito particulares”.
Como se sabe, o instituto da reeleição ingressou no
ordenamento jurídico brasileiro através da Emenda Constitucional n. 16, a qual
permitiu que o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
mandatos possam ser reeleitos para um único período subsequente.
Mencionada Emenda Constitucional foi gestada ainda no
âmbito do governo de Fernando Henrique Cardoso, sob a acusação de práticas nada
republicanas para a sua aprovação. Passando ao largo dessa celeuma,
o fato é que a reeleição não fez, e não, bem ao país.
O mandatário que se encontra aboletado na cadeira do
Poder Executivo, no âmbito federal, estadual ou municipal, seja quem for, com
direito à reeleição, faz de tudo para conseguir o seu intento. Usa e abusa da
máquina pública para atingir o seu projeto.
Percebe-se que o gestor, no seu primeiro mandato, até faz
uma administração mediana. Todavia, no segundo mandato, geralmente a “coisa”
desanda.
O que se observa é o abuso de poder político, econômico e
a prática de condutas vedadas por parte dos agentes públicos. Há um desequilíbrio
imenso na disputa eleitoral entre os concorrentes a Chefia do Poder Executivo.
Quem está à frente do Poder tem uma larga vantagem em relação aos seus
oponentes. É fato.
Existem exceções, é claro, mas na maioria dos casos é
dessa forma que acontece.
Contudo, não creio na aprovação da PEC com o fim da
reeleição, e nem em eleições a cada cinco anos, o que seria salutar. O
Congresso Nacional nunca fez uma mudança profunda na legislação eleitoral,
apenas modificações pontuais.
Tempos atrás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
escreveu um artigo sobre a aprovação da reeleição:
“Devo reconhecer que historicamente foi um erro: se
quatro anos são insuficientes, e seis parecem ser muito tempo, em vez de pedir
que no quarto ano o eleitorado dê um voto de tipo “plebiscitário”, seria
preferível termos um mandato de cinco anos e ponto final”.
Pena que o ex-presidente só reconheceu o erro após a sua
reeleição.
Veja a proposta de PEC aqui.
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