Fico imaginando o quanto é constrangedor para a
governadora Fátima Bezerra a sequência dessa aliança com o PDT e com o MDB que
coloca num mesmo palanque pessoas completamente desafinadas politicamente. O RN
todo conhece o roteiro da história que culminou com a formação da aliança, o
que poucos conhecem é a provável indigestão causada entre os recém aliados, as
caras e bocas dos bastidores, cada um a seu modo tendo que engolir em seco um
prato intragável.
Para tirar do caminho
Primeiro Fátima fechou aliança com Carlos Eduardo
motivada pelas pesquisas qualitativas que teve acesso e mostraram Carlos com
algum risco de ameaçar a reeleição da governadora. Fátima fez contas e mais
contas para analisar prós e contras para ter Carlos fora da disputa pelo
Governo e para isso teve que abater em pleno voo o seu colega de partido, o
senador Jean Paul Prates – tido como candidato natural à reeleição, oferecendo
a Carlos a vaga para o Senado. Acabou sendo uma escolha pragmática, aceitar
Carlos como aliado para não o ter como adversário.
Um pedido que foi atendido
A seguir teve que engolir o “pedido” do ex-presidente
Lula que indicou como necessária para a composição nacional, a aliança com os
Alves no RN. Aqui nesse ponto confesso que não consigo enxergar qual foi o
argumento irrecusável apresentado por Lula para que Garibaldi e Waltinho fossem
aceitos no palanque da governadora. É fato que Lula pediu e Fátima, a
princípio, rejeitou, mas acabou sendo convencida. Qual foi a força do argumento
de Lula para que se aceitasse Walter Alves como candidato a vice? A dupla, não
faz tanto tempo, votou com entusiasmo no impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff. Isso sem falar que integraram todos os fóruns de apoiadores das alas
denominadas de fora PT.
O discurso de oportunismo
Bom, mas com os sapos engolidos à parte, fica agora a
expectativa sobre o que teremos pela frente quando essa aliança se apresentar
ao povo nas ruas, nos palanques. Vai ser engraçado ouvir os discursos, o
contorcionismo verbal para a troca de elogios. Será que vão pedir para que
esqueçamos o que foi dito lá pra trás? Não é que não estejamos acostumados com
o vai-e-vem da política, da mudança de discurso a cada eleição conforme cada
conveniência, o elogio de hoje e a crítica de amanhã, isso até que se tornou costumeiro,
o estranho vai ser isso ocorrer com estes personagens.
A análise tem viés politico
Quero que o leitor entenda bem a linha do raciocínio que
estou apresentando. Não estou questionando pessoas, não estou julgando o
desempenho político, mas a aliança entre personagens sem identificação nenhuma
entre si. Minhas indagações pretendem mostrar apenas minha perplexidade com um
palanque tão desentrosado. Carlos, Fátima e Waltinho, cada um tem seu papel e
sua história política e devemos respeitar isso. Usando uma analogia para me
fazer entender melhor, é como um time de futebol, onde o técnico manda a campo
o goleiro de atacante e traz o ponta esquerda para zaga ou coisa parecida. Não
tem nenhum sentido, nenhuma afinidade, nenhum elo de ligação. E você se pergunta:
afinal, porque isso, qual a lógica disso?
O discurso sem crédito
O palanque de Fátima Bezerra no RN virou um palanque sem
identidade. Porque justamente estarão a sua esquerda e a sua direita duas
pessoas que combateram firmemente o modo Fátima de governar. Gente que criticou
seu partido. Embora a conveniência obrigue Walter e Carlos a mudarem de
discurso, não terão o menor crédito no palavrório de ocasião. Quem acreditará
neles? Todos saberão que será um palanque de aparências, sem autenticidade.
O eleitor não é tão bobo
Na outra ponta deste roteiro estará o eleitor. Não
sabemos como ele vai recepcionar uma chapa com Fátima Bezerra e Walter Alves. E
tendo Carlos Eduardo Alves como recheio deste sanduíche de gosto meio que
duvidoso. Vivemos em um tempo em que o eleitor está mais bem informado, tem
opinião própria, principalmente nas escolhas majoritárias. Não será um mero
teatrinho que vai enganar o eleitor, ele conhece os fatos e poderá reagir a
velha prática de alianças sem identidade, feitas por oportunismo e como caminho
mais curto para ter o poder.
Uma associação com sombra negativa
A lógica de Fátima e do PT foi avaliar o ônus e o bônus
dessas alianças. Como elas se concretizaram, deve ter sido porque acharam que
teria mais bônus que ônus. Resta saber do ponto de vista do eleitor, se a
lógica é essa mesmo. Penso que o fato de Carlos e Fátima terem sido adversários
num confronto recente e de discursos contundentes, penso que o peso do
sobrenome Alves como representação da velha política e penso que a associação
inadequada de políticos de matizes diferentes vai trazer uma sombra negativa
para a aliança. E isso terá consequências no voto. Mas, por enquanto são apenas
opiniões. O futuro dirá quem estava certo.
Fonte: Rede360news
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