No debate presidencial de ontem, na Band, a corrupção voltou a ser tema central. Notícia
especialmente ruim para Lula, que não teve trégua durante toda a noite. Logo
que chegou à emissora, Jair Bolsonaro disse que não apertaria a mão de ladrão,
ganhando as manchetes dos sites e subindo rapidamente nos trending topics do
Twitter.
Em sua primeira intervenção, o presidente falou em
cleptocracia e lembrou a delação do ex-ministro Antonio Palocci, que contou
sobre os pacotes de propina que entregava ao petista. Lula, para surpresa da militância, ficou sem
reação, assumiu posição defensiva e mudou de assunto.
Ao farejarem o medo do líder
das pesquisas, todos os demais presidenciáveis passaram a investir no tema. Ciro
Gomes falou que Lula “se corrompeu mesmo”,
Simone Tebet disse que “nunca terá ministros
envolvidos em escândalos” e Felipe D’Ávila lembrou que o
petrolão é considerado o “maior esquema de corrupção
do mundo”.
Foi um massacre. Até
então blindado pela imprensa simpática, Lula achava que passaria incólume
apenas ostentando a sentença do Supremo que anulou suas condenações com base em
filigranas jurídicas. Ao descer para o play, demonstrou
não estar preparado para o jogo.
Até mesmo na pauta social, Lula levou uma surra de
Bolsonaro, que ainda tripudiou sobre o Bolsa Família. “Era uma miséria. Tinha gente que ganhava R$ 80
por mês e nós entramos nessa área para valer.” Questionado
sobre como conseguirá recursos para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 a partir
de 2023, o presidente debochou. “Não roubando.”
Apesar de ter apresentado o melhor desempenho da noite,
Bolsonaro não saiu ileso. Teve que responder novamente a questões sensíveis,
como a gestão da pandemia e os atritos com o Supremo.
Em sua defesa, exibiu números positivos da economia e
classificou como ataque às liberdades a recente decisão de Alexandre de Moraes
contra empresários bolsonaristas. Mas perdeu a mão ao ofender uma das
jornalistas presentes, um vacilo com o eleitorado feminino.
Basicamente, o debate se pautou pelo passado e não pelo futuro. Poucos apresentaram propostas factíveis. Apesar dos picos de audiência, ainda é cedo para saber se o enfrentamento entre os candidatos conseguirá alterar as pesquisas de opinião. Naturalmente, as militâncias de cada um passarão os próximos dias recortando e espalhando pela internet e grupos de WhatsApp os trechos com maior poder de viralização. Frases lacradoras, vacilos e expressões faciais alimentarão a safra semanal de memes.
O Antagonista
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