O terceiro e último debate com os candidatos à
Presidência da República realizado há pouco pela TV Globo foi marcado por uma intensa troca de
acusações entre os postulantes ao Palácio do Planalto.
Para o bem do show e infelicidade geral da nação, o programa, assim como os dois anteriores da Band e
SBT, foi vazio em propostas, mas recheado em ataques pessoais.
Assim como ocorreu nos outros debates, o principal alvo foi o
ex-presidente Lula (PT), que precisou se justificar sobre assuntos incômodos como o esquema
de corrupção na Petrobras e até assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
O personagem da noite foi o Padre Kemon, candidato do PTB à
Presidência da República. Sem o carisma do Cabo Daciolo, o religioso foi protagonista dos
momentos mais tensos e/ou engraçados do debate.
Em um embate com Lula, Kelmon comandou o momento mais tenso
do debate. Repetindo discurso de Jair Bolsonaro, ele insinuou que o petista estava
envolvido na morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Houve bate-boca entre ele e Lula. Após a discussão, William Bonner foi obrigado
a interromper o debate por alguns instantes.
Kelmon também trocou farpas com a candidata da União Brasil,
Soraya Thronicke. Nos embates, foi chamado de “padre de festa junina” e candidato “nem, nem” – “Nem estuda, nem trabalha”.
Apesar das frases de efeito, a senadora também foi obrigada a
se explicar em determinados momentos. Jair Bolsonaro disse que Soraya pediu cargos no governo federal.
Ela admitiu a prática, mas viu-se em uma saia justa.
“Não deu certo
meus cargos em Mato Grosso do Sul, porque meus indicados não quiseram fazer rachadinha”,
justificou a parlamentar.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, começou o debate no ataque,
associando Lula ao assassinato de Celso Daniel, relembrou
episódios de corrupção petista e tentou mostrar ao eleitor que o Auxílio Brasil
é um programa bem melhor que o finado Bolsa-Família. Tanto em valores quanto em
amplitude.
Com o transcorrer do programa, o chefe do Executivo adotou
como prática terceirizar os ataques ao petista para o padre que não é padre – a
congregação de Kelmon não é reconhecida pela Igreja Apostólica Romana.
Bolsonaro também viu-se acuado ao ser questionado sobre a
condução da pandemia de Covid e quando questionado se ele respeitaria o
resultado das eleições em caso de derrota.
Como já ocorreu em outras situações, o presidente da República não se
comprometeu com o resultado das urnas.
Em poucos momentos, os candidatos falaram de fato sobre
projetos para o país. Foram poucas as ideias novas apresentadas no evento,
como a instituição de um programa de isenção fiscal para empresas que gerem
novas vagas formais de emprego (Soraya Thronicke).
Nem Lula conseguiu mostrar algo novo. No máximo, ressuscitou
a ideia de criação de um “Ministério dos Povos Indígenas”, ladainha que vem
sendo repetida há pelo menos um mês.
Ao longo do show, Simone e Ciro foram aqueles que mais
reivindicaram o fim dos ataques pessoais. Foram vendidos pelas polêmicas e
brigas entre os concorrentes.
O melhor resumo do debate veio das considerações finais do
candidato do Novo, Felipe D’Ávila:
“Que tristeza
terminar um debate com essa baixaria de sempre.”
O Antagonista.
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