Antonio Palocci entregou Lula em mais uma negociata,
desta vez envolvendo a disputa pelo controle do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Em
seu acordo de colaboração, o ex-ministro disse que o grupo Casino pagou 30
milhões de euros ao ex-presidente para impedir uma manobra de Abílio Diniz que
diluiria a participação dos franceses na rede de supermercados.
Palocci afirmou ainda que a propina foi repassada por
meio do banco Safra. Ele mesmo teria ido ao banco retirar recursos em cash para
Lula. O dinheiro também teria abastecido a campanha de Fernando Haddad
para a Prefeitura de São Paulo, em 2012, e a de reeleição de Dilma Rousseff, em
2014.
O ex-ministro contou que, inicialmente, tentou ajudar
Abílio, de quem era amigo e com quem mantinha contrato de consultoria, via
Projeto. O empresário queria evitar que o grupo Casino assumisse o controle do
Pão de Açúcar e teria pedido ajuda para obter empréstimo do BNDES para comprar
o Carrefour e, assim, diluir a participação dos franceses.
Inicialmente, Lula teria disposto a ajudar na operação,
convencendo Dilma Rousseff e Luciano Coutinho. Mas teria mudado de ideia depois
que o grupo Casino lhe ofereceu a quantia de 30 milhões de euros para
inviabilizar a estratégia de Abílio.
Segundo Palocci, pelo lado do Casino atuaram José Dirceu,
o advogado Marcelo Trindade e o próprio presidente do grupo, Jean-Charles
Naouri. Também teria entrado na jogada o banqueiro Joseph Safra, que se dispôs
a “operacionalizar as questões financeiras”, de acordo com o ex-ministro.
Palocci narrou que, numa das conversas com Lula, este lhe
pediu que “segurasse” Abílio Diniz, pois já estava fechado com os franceses. “O
cara confirmou os trinta milhões de euros, pô, você tem que me ajudar”, teria
dito o ex-presidente, ao comentar o acerto com Jean-Charles.
“Lula fez a parte dele, fazendo com que o BNDES não
liberasse o empréstimo pré-aprovado e inviabilizando qualquer apoio
governamental ao GPA”, disse Palocci. Com o sucesso da operação, o Casino
assumiu o controle do Pão de Açúcar.
Do total de 30 milhões de euros – equivalente a R$ 138
milhões, em valores atualizados -, Safra teria repassado R$ 2 milhões para a
campanha de Haddad e outros R$ 10 milhões para a de Dilma. Ele teria feito
doações oficiais e não oficiais ao Instituto Lula — Palocci teria realizado
retiradas frequentes diretamente no banco.
Safra teria convidado o “italiano” para ser conselheiro
do banco na Suíça, o que o delator entendeu como uma forma de manter Lula
informado sobre o dinheiro alocado. Os depoimentos de Palocci referentes ao
caso foram encaminhados ao MPF de São Paulo.
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