O Ministério Público Eleitoral (MPE)
recomendou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
que a prestação de contas da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto em 2018 não seja
aprovada. Além disso, o órgão sugeriu que o petista devolva aos cofres
públicos R$ 8,8 milhões que foram
aplicados de forma irregular, quase metade dos R$ 19,7 milhões que ele
utilizou na campanha daquele ano.
As recomendações partiram do vice-procurador-geral
Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco. Ele analisou um relatório produzido pela
Asepa (Assessoria de Exame de Contas Partidárias) do TSE sobre a prestação de
contas de Lula, que encontrou inconsistências como recebimento indireto de recursos
de origem não identificada ou oriundos de fonte vedada, falta de capacidade
operacional de fornecedores da campanha, entre outras.
“Diante das irregularidades expostas, as contas não podem
ser tidas como aprovadas e o Ministério Público Eleitoral sugere a determinação
de recolhimento ao Tesouro Nacional do montante de R$275.265,77 e ressarcimento
ao erário da importância de R$8.562.170,42, devidamente atualizados”, ressaltou
Gonet.
A Asepa informou ao vice-procurador-geral Eleitoral que
os indícios de irregularidades na aplicação dos recursos financeiros da
campanha de Lula “podem configurar ilícitos eleitorais”. Gonet informou que o
MPE vai investigar as denúncias. “Em decorrência, a Procuradoria-Geral
Eleitoral encaminhou as informações ao órgão do Ministério Público Eleitoral
competente para apuração da materialidade e demais providências cabíveis.”
Gonet concordou com a maioria das irregularidades
apresentadas pela Asepa, sobretudo com a de que Lula teve gastos
desproporcionais em relação ao período em que pôde fazer campanha. Em 2018, o
ex-presidente começou a campanha em 16 de agosto, mas a candidatura dele para a
Presidência foi barrada pelo TSE 16 dias depois, em 1º de setembro.
Parte dos contratos foi aproveitado por Fernando Haddad
(PT), que foi lançado à Presidência no lugar de Lula. De todo modo, o
vice-procurador-geral Eleitoral constatou R$ 8,04 milhões utilizados de forma
indevida pelo ex-presidente e sugeriu que esse valor seja ressarcido ao erário.
Gonet também considerou que Lula não detalhou de forma
adequada gastos de R$ 253,6 mil com serviços gráficos. Segundo a instituição,
houve falta de comprovação da materialidade do gasto e do vínculo com a
campanha.
O vice-procurador-geral Eleitoral ainda concluiu que o
ex-presidente emitiu notas fiscais em nome próprio, mas não registrou os
documentos na prestação de contas. Dessa forma, segundo o órgão, Lula deixou de
comprovar o pagamento de despesas no valor R$ 210,5 mil, o que configura vedada
doação de fornecedor.
Do mesmo modo, Gonet destacou que Lula não comprovou R$
161,3 mil em despesas com fretamento de aeronaves. Ele teria de apresentar
notas fiscais, quais passageiros usaram o transporte e explicar o vínculo do
gasto com a campanha, mas não enviou as informações.
As recomendações de Gonet serão analisadas pelo ministro
Benedito Gonçalves, responsável pelo julgamento das contas de Lula em 2018.
O R7 pediu uma manifestação do ex-presidente, mas não teve resposta
até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Fonte: R7
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