Em reunião na Comissão de Transparência, Fiscalização e
Controle (CTFC) nesta terça-feira (18), senadores do PT tentaram adiar para
depois das eleições a audiência pública destinada a esclarecer declarações
dadas à Polícia Federal pelo empresário Marcos Valério, envolvido nas denúncias
do mensalão. No entanto, não houve quórum para deliberação.
Presidente do colegiado, o senador Reguffe (sem
partido-DF) disse que vai tentar chegar a um entendimento com o senador Eduardo
Girão (Podemos-CE), que propôs a realização da audiência com Marcos Valério,
agendada para a próxima segunda-feira (24), às 10h.
“Segundo inúmeros meios de comunicação, Marcos Valério
Fernandes de Souza, o mesmo que foi condenado a 37 anos de cadeia por estar
envolvido no esquema do mensalão do PT revelou em depoimento à Polícia Federal,
que o Partido dos Trabalhadores mantinha relação com Primeiro Comando da
Capital (PCC), a principal facção criminosa do país, por meio do recebimento
clandestino de dinheiro de empresas de ônibus, de operadores de transporte
pirata e de bingos e que, neste último caso, os repasses financeiros ao partido
seriam uma forma de lavar recursos do crime organizado”, alega Girão.
“Esgotamento das
investigações”
Durante a reunião desta terça (18), os senadores Jean
Paul Prates (PT-RN), Fabiano Contarato (PT-ES) e a senadora Zenaide Maia
(Pros-RN) defenderam a aprovação de requerimento do senador Telmário Mota
(Pros-RR), que solicitou o adiamento da audiência pública para depois das
eleições presidenciais.
No requerimento, Telmário Mota pondera que o debate não
se justifica, tendo em vista o esgotamento das investigações no âmbito da
Polícia Federal.
“Pondero e fundamento o pedido ante à circunstância de
que, em que pese os fatos que envolvem a delação do senhor Marcos Valério
Fernandez de Souza já tenham sido objeto de esgotamento de investigações no
âmbito da Polícia Federal, sem repercussões ao Poder Judiciário, assim como os
que tiveram repercussões já foram devidamente julgados, em todas as instâncias,
de modo que não vislumbro razão para o debate factual, a discussão, até mesmo
pela envergadura dos convidados, ensejam participação não apenas do colegiado
como de outros senadores, que, nesse momento, encontram-se tomados pela
necessária e cabível participação no processo eleitoral, em apoio a seus
candidatos locai”, alega Telmário Mota.
“Factoides eleitoreiros”
Jean Paul Prates avaliou que a audiência pública com
Marcos Valério é “desnecessária”, dado o caráter “eleitoreiro” desse tipo de
debate.
“O mesmo argumento de adiar a CPI do MEC para depois das
eleições agora parece que esmorece e vai sendo usado ao contrário, para usar um
fato passado já julgado pela justiça. Reconheço a legitimidade de Eduardo Girão
trazer à baila qualquer assunto, mas criar factoides eleitoreiros às vésperas
de eleição em assunto já julgado pela justiça é temerário. Considero que essa
Comissão não precisa se prestar esse papel de servir de canal para teses
absurdas sem o devido contraditório, não precisa se prestar a um Fla-Flu
político polarizado às vésperas da eleição sem condições de haver o
contraditório em assunto já superado.” afirmou.
Para Zenaide Maia, a realização de debate com o
empresário Marcos Valério já não se justifica na circunstância atual.
“A gente adiou para depois das eleições a CPI do MEC,
concordou com o adiamento para depois das eleições. Esse assunto [da audiência
pública defendida por Eduardo Girão] foi julgado em todas as instâncias, não
cabe ao Senado criar audiências públicas para reforçar o clima de intolerância
política verificado às vésperas das eleições” disse a senadora.
Fabiano Contarato endossou a opinião de Zenaide Maia. “O
fato já foi julgado, temos que ter sobriedade para não colocar em debate um
assunto em que o Estado já se manifestou sobre ele. Qual o interesse de se
fazer audiência pública com uma situação polarizada no Brasil? Justamente para
atingir o quê? O fato já foi julgado, transitado em julgado, as pessoas já
cumpriram pena.” afirmou.
Agência Senado
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