O Tribunal de Contas do Estado (TCE) levantou que, em 2021, a
governadora Fátima Bezerra (PT) deixou de executar cerca de R$ 13,99
milhões em emendas impositivas dos 24 deputados estaduais, na Lei Orçamentária
Anual (LOA) do Estado, o que corresponde a 22,41% do volume previsto de R$ 62,4
milhões. No caso mais extremo, o Governo do Estado deixou de pagar quase 75%
das emendas impositivas de um parlamentar de oposição.
No relatório, que foi votado e aprovado na sessão plenária da Corte de Contas, ontem, a conselheira Adélia Arruda Sales apontou, ainda, que o levantamento feito dentro do Plano de Fiscalização Anual 2022/2023, “constatou-se uma significativa disparidade entre os percentuais de execução de cada parlamentar”. De acordo com os termos do voto, o relatório final será disponibilizado para a Assembleia Legislativa, Governo, Controladoria do Estado e ao Ministério Público. O documento servirá como base para fiscalizações futuras da Corte de Contas.
Segundo a
relatora Adélia Sales, apenas dez dos 24 deputados tiveram percentual de
execução de suas emendas superior a 90%, sendo que desses, apenas dois tiveram
suas emendas integralmente executadas (100%). As emendas de sete parlamentares
apresentaram percentual inferior a 70%, de execução, um deles chegando,
inclusive, a ter tão-somente 25% de suas emendas executadas.
Cada parlamentar teve direito a R$ 2,6 milhões em emendas, sendo que ao todo, foram encaminhadas 436 emendas à LOA-221, segundo dados levantados pelo corpo técnico da Diretoria de Administração Direta (DAD) da Corte de Contas.
Do exame dos dados relativos à execução orçamentária no exercício 2021, foi possível constatar que um total de 52 das 436 emendas parlamentares ao orçamento 2021 não foram executadas sequer parcialmente. Ou seja, aproximadamente 12% das programações estabelecidas pelos parlamentares, no valor total de R$ 3.302.000,00, não foram nem ao menos objeto de empenho.
Na tentativa de identificar as razões para a não execução dessas emendas, constatou-se que inexiste no Sistema Integrado de Planejamento e Gestão Fiscal do Estado (SIGEF) módulo ou funcionalidade específica com tais informações.
Também não se identificou, no âmbito estadual, regulamentação mais detalhada acerca dos procedimentos e prazos para adoção de medidas saneadoras desses impedimentos.
O chefe do Gabinete Civil do Governo, Raimundo Alves Júnior, disse que o Executivo não foi notificado, ainda, mas explicou que “embora seja importante ressaltar que a maioria das emendas dos deputados são transferências a instituições e municípios que precisam cumprir exigências legais, com certidões negativas além de projetos o que muitas vezes a falta dessas, impedem a efetivação dos convênios.
Queixa
O deputado Coronel Azevedo (PL) foi quem menos teve emendas pagas pelo Governo do Estado. O deputado afirma que é alvo de perseguição. “A conduta do Governo do PT contra o nosso mandato configura uma perseguição implacável com quem não segue as orientações deste governo desastroso”, criticou o parlamentar.
Coronel Azevedo declarou que “é mandamento da Constituição do Rio Grande do Norte, que haja equanimidade no pagamento das Emendas Impositivas dos deputados”. O deputado também afirmou que a postura pode “configurar ilícito por parte da Governadora Fátima Bezerra, essa conduta de pagar de uma forma para uns e de outra forma diferente para outros”.
No seu caso específico, Azevedo informou que no de 2022, “após muita reclamação e denuncia em Plenário”, pagaram R$1,5 milhão de emendas de 2021, porque no primeiro semestre havia uma expectativa para pagarem R$1,5 milhão para cada deputado, das emendas deste ano, sendo pago apenas R$ 250 mil para o nosso mandato”.
Apesar
das críticas de Azevedo, os dados do TCE mostram que não foram somente os
deputados de oposição que tiveram pagamento reduzido nas emendas. A governista
Isolda Dantas (PT) foi a terceira que menos teve emendas pagas, com execução de
44,42%. O segundo que menos teve emendas pagas foi o ex-deputado Sandro
Pimentel (PSOL), com 33,46%. Por outro lado, somente os deputados Kleber
Rodrigues (PSDB), que é de situação, e Galeno Torquato (PSDB), de oposição,
tiveram 100% das emendas pagas.
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