O pronunciamento de Arthur Lira ontem após a vitória de
Lula não foi sem razão. O presidente da Câmara, ombreado por diversas
lideranças partidárias, quis mostrar que o poder hoje em Brasília já não emana
do Palácio do Planalto. E isso ficará ainda mais claro nos próximos meses.
Lira capitaneia neste momento uma iniciativa legislativa
que pode reabrir o prazo para que partidos se unam em federações — o prazo
havia se encerrado em maio. Com esse instrumento seria criada uma
federação gigante, formada por PP, PL, PSD, União Brasil e até o Podemos.
Calcula-se uma “bancada” superior a 260 parlamentares.
De cara, essa montagem partidária garante a reeleição de
Lira no comando da Câmara — e até, quem sabe, a manutenção de Rodrigo
Pacheco na presidência do Senado, a depender dos compromissos que venha a
assumir.
O efeito imediato é a ocupação das dez principais
comissões em cada Casa, incluindo CCJ e Comissão de Orçamento, retirando do PT
e seus aliados qualquer cargo de comando no debate legislativo.
Soma-se a isso, o poder inédito sobre um orçamento de R$
38,7 bilhões em 2023, dos quais cerca de R$ 20 bilhões estão alocados nas
emendas RP-9, o tal orçamento secreto. Recursos de investimento!
Com a faca e o queijo na mão, Lira já vem conversando com
a Faria Lima para avançar nas pautas de reformas, as mesmas que o PT rejeitou
durante toda a campanha. A interlocutores, o presidente da Câmara já
avisou que só senta para negociar com o próprio Lula e sem garantias. Em
resumo, sem o aval do grupo de Lira, Lula não vai governar.
O Antagonista
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