Ao abrir a discussão de uma
‘PEC da Transição’, na qual colocará recursos no Orçamento de 2023 para pagar
promessas feitas durante a campanha, Lula cometeu seu
primeiro erro político, antes mesmo de assumir a Presidência. A opinião é
do cientista político Leonardo Barreto.
Segundo ele, o petista permitiu ao entorno
do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), criar o primeiro problema
para a gestão que será inaugurada em janeiro.
“Isso porque deputados
disseram que incluiriam, além de recursos para o Bolsa Família e o aumento
do salário-mínimo, várias outras despesas, como o piso salarial da
enfermagem, renúncias de receita, e a atualização da tabela do imposto de
renda.”
“Abriu-se a possibilidade,
portanto, de armar uma bomba fiscal que só poderá ser desarmada com uma
negociação com o entorno de Lira. Entrariam aí um eventual apoio de Lula à
sua reeleição e influência na indicação de nomes para cargos na nova
gestão. Foi nesse sentido que Renan Calheiros chamou a PEC da
Transição de barbeiragem.“
Para Barreto, o movimento mostra que o Congresso tem
recursos para jogar mais pesado com o governo, que não detinha na última
passagem de Lula pelo poder. E a demonstração disso sequer esperou a
nova gestão começar.
“Atualmente, detendo o
controle do Orçamento e tendo Fundo Eleitoral para pagar suas campanhas,
há menos incentivo para participar do governo, o que permite aos líderes
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal atuarem com mais ousadia
nos processos de negociação política.”
Com o retorno de Lula de sua “lua-de-mel” na Bahia, é
possível que o governo de transição recue e busque um caminho menos espinhoso.
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