Os governadores teriam que elevar em quatro pontos
porcentuais, de 17,5% para 21,5%, a alíquota média padrão do ICMS, a partir de
2023, para compensar a perda de arrecadação com a desoneração dos combustíveis,
energia elétrica e telecomunicações. É o que mostrou resultado de pesquisa
feita pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz),
obtida pelo Estadão. Quatro Estados – Pará, Piauí, Paraná e Sergipe – já
encaminharam às assembleias legislativas proposta de aumento dos impostos e devem
ser seguidos por outros.
A
cobrança do ICMS desses três itens, que correspondiam a cerca de 30% da
arrecadação total dos Estados, caiu este ano pelo Congresso para reduzir os
preços, e a inflação, antes da eleição. Acabou se transformou numa dor de cabeça
para os governadores que já sentem a perda de receitas. O comitê está
recomendando aos Estados que façam o ajuste para neutralizar o impacto das
medidas que minaram a verba para políticas públicas, como saúde e educação.
“A
alteração em curso por alguns Estados já era esperada. Juristas como Heleno
Torres e o tributarista Eduardo Fleury já previam a mudança para não haver
perdas de recursos no financiamento dos serviços públicos”, diz o diretor
institucional do Comsefaz, André Horta.
A
pesquisa do Comsefaz foi feita para subsidiar os novos governadores e os
reeleitos na decisão sobre a programação financeira a partir de 2023. Hoje, a
alíquota padrão, chamada no jargão tributário de modal, varia nos Estados entre
17% e 18%. A alíquota padrão responde por um terço de todo o faturamento dos
Estados com o ICMS no ano.
A
elevação da alíquota poderia proporcionar R$ 33,5 bilhões e neutralizar a perda
de arrecadação no grupo de Estados que responderam à pesquisa do Comsefaz. O
Estado de Goiás, por exemplo, teria que elevar a alíquota modal de 17% para
24,2% – o maior movimento de acordo com a pesquisa que avaliou 17 Estados e o
Distrito Federal. Dois outros Estados responderam a pesquisa, mas as
informações estavam incompletas. O Estado de São Paulo prometeu repassar os
dados em breve. Se Paulo Guedes assumir a Fazenda paulista depois da sondagem
pode criar embaraço porque o ministro da Economia foi um dos que mais
defenderam as medidas para redução do tributo estadual.
Para
entrar em vigor no ano que vem, a nova alíquota padrão do ICMS para
reequilibrar as contas dos governadores tem que ser proposta ainda em 2022,
atendendo ao princípio da anterioridade tributária. “Se as assembleias não
aprovarem este ano, não se aplica a mudança em 2023. Só em 2024″, alerta o estudo.
O
diretor explica que a elevação das alíquotas seria para manter a mesma carga
tributária antes das mudanças aprovadas pelo Congresso. Ele explica que a
alíquota modal é cobrada de forma heterogênea entre os Estados. Na sua
avaliação, há outras formas de reorganizar as finanças, mas o estudo calculou a
mais “intuitiva e célere”. E entre as alternativas ao aumento do imposto, está
a reestruturação das receitas via a redução dos benefícios de setores
econômicos.
Horta
chama atenção para o fato de que dois terços da arrecadação do ICMS Estados não
são provenientes da aplicação da alíquota modal. “Os governos estão entrando
com as propostas para recuperar o mesmo nível de receita”, disse Horta. Ele
lembra que a decisão sobre o acordo que está sendo costurado no Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre a compensação de perdas com o teto nos serviços e
bens “essenciais” foi adiada, na semana passada, por 120 dias.
Fonte: O Estadão
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