Lula falou de mais, mais uma vez. Na coletiva que deu no
CCBB, o petista admitiu que a PEC da Transição é uma enganação. Ele
disse: “Nunca ceda na tua proposta principal antes do
limite da negociação, se eu colocar agora o limite pra menos, é o de menos que
vai valer, então se eu tiver que falar, eu falo pra mais.”
Sim, o presidente eleito afirmou indiretamente que o
valor de R$ 198 bilhões contido no texto original foi superestimado de forma
proposital, para forçar uma negociação com o Congresso que termine num valor
próximo ao que o PT realmente deseja.
Todos já sabiam disso,
naturalmente.
Por isso, os petistas já
fazem circular na imprensa que se darão por satisfeitos, caso a PEC tenha
alcance de 2 anos e não de 4 anos. Por isso, os integrantes do governo de
transição reclamam via imprensa que os ministérios estão sem dinheiro.
Por isso, lideranças do
Centrão insinuam que só aceitarão o prazo de 1 ano e um valor de, no máximo, R$
80 bilhões fora do teto — como consta da proposta de Tasso Jereissati. Por
isso, partidos como União Brasil, PSD e MDB avisam que não integrarão
automaticamente a base do futuro governo, mas aceitam 1 ou 2 ministérios.
Por isso, o comando do
Congresso mantém em sigilo um estudo sobre o uso de superávit financeiro, da
correção do PIS/Cofins e dos fundos constitucionais que poderiam garantir
recursos extras ao custeio de benefícios sociais e obras emergenciais, sem
precisar violar a regra de ouro.
Ninguém está realmente preocupado com o rombo fiscal e
suas consequências diretas na inflação e no desemprego, mas com a barganha
política e o que conseguirão extrair desse processo.
Arthur Lira quer garantir sua
reeleição e atraiu o PT e seus aliados com a promessa de que passará um texto
simpático. Mas o acordo depende também do resultado da
votação das ações que questionam o orçamento secreto — coincidentemente, Rosa
Weber liberou ontem o caso para votação no plenário do STF. É possível que um Supremo simpático a Lula
promova uma solução intermediária, que exija mais transparência das emendas
RP-9, mas sem torná-las ilegais.
Há muitas variáveis na
equação da governabilidade. O eleitor não é uma delas.
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