Uma das primeiras medidas do presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, no atual mandato, foi a edição da Medida Provisória
(MP) 1.156, publicada no dia 1º de janeiro de 2023, dispondo sobre a extinção
da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A MP produziu efeito a partir do dia 24
de janeiro, última terça-feira, estabelecendo a absorção de suas competências,
patrimônio e pessoal pela administração direta, distribuídas entre o Ministério
da Saúde e o Ministério das Cidades.
Ainda no dia 24, o presidente da Confederação Nacional de
Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, enviou ofício ao presidente da República
pleiteando a reestruturação e o fortalecimento da Funasa ao invés de sua
extinção. No ofício, foi apontado o risco de Municípios de até 50 mil habitantes
e consórcios de até 150 mil habitantes ficarem desassistidos de políticas
públicas de saneamento.
Também foram reforçadas as facilidades para os Entes
locais acessarem recursos aplicáveis exclusivamente aos órgãos integrantes do
Sistema Único de Saúde (SUS) com a Funasa, não valendo para o Ministério das
Cidades. Destacam-se a dispensa à adimplência junto ao Sistema de Informações
sobre Requisitos Fiscais (Cauc) e a dispensa do aporte da contrapartida
financeira válida para os convênios firmados com a Funasa.
A CNM também manifestou preocupação com a possível
paralisação das obras resultantes de convênios celebrados nos últimos anos
entre a Funasa e os Municípios. Outro ponto destacado no ofício é o papel da
Funasa após a promulgação da Lei 14.026/2020, em especial no que tange ao
atendimento das metas de universalização do saneamento nos Municípios pequenos
e nas áreas rurais. A Confederação se preocupa com o vácuo de execução de
políticas e ações direcionadas para Municípios de pequeno porte e comunidades
tradicionais, reduzindo ainda mais o apoio aos Municípios a partir da extinção
da Funasa.
A Funasa tinha atuação ampla no saneamento com as
seguintes ações: implantação de melhorias sanitárias domiciliares para
prevenção e controle de doença; implantação ou melhoria de ações e serviços de
saneamento básico em pequenas comunidades rurais; implantação ou melhoria de
sistemas públicos de abastecimento de água; implantação ou melhoria de sistemas
públicos de esgotamento sanitário, além de implantação de melhorias
habitacionais para controle da doença de chagas.
A crescente redução do orçamento federal dedicado a esta
Fundação resultou na diminuição do apoio aos Municípios nos últimos anos.
Entretanto, considerando o período entre 2001 e 2022, os investimentos da
Funasa superaram R$ 10 bilhões, sendo destinados a 4.589 Municípios (82,4% do
total) de todo o país, demonstrando a sua importância. Além disso, em alguns
Estados, ainda houve uma atuação significativa da Funasa até 2022, mesmo com
menos recursos.
Agencia CNM de Noticias
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