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É para enganar trouxa’: Diz Maílson da Nóbrega sobre fala de Lula de ‘colocar pobre no Orçamento’

 

Em sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou suas medidas para diminuir o déficit fiscal e aumentar a arrecadação. Na mesma semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu novas declarações que causaram reação negativa do mercado. Para fazer um panorama das diretrizes econômicas do novo governo, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o ex-ministro da Fazenda do governo Sarney, Maílson da Nóbrega, que criticou as falas de Lula: “Lula mostra mais uma vez que o PT é mestre na criação de clichês e slogans. Essa história do ‘pobre no orçamento’ é para enganar trouxa. Porque o pobre nunca saiu do orçamento, desde o governo Sarney. Os programas sociais dirigidos aos pobres começaram no governo Sarney, que criou um programa para fornecer um litro de leite diário a 10 milhões de crianças. Depois vieram o Bolsa Escola, o Bolsa Gás, o Bolsa Família e assim por diante”.

“Nenhum desses programas desapareceu do orçamento. Dá a impressão de que chegou um governo malvado e tirou todos os pobres do orçamento, isso não aconteceu”, defendeu. Para o economista, é importante que o governo se preocupe em manter a inflação controlada e dê declarações neste sentido: “É um assunto extremamente técnico, que tem que ser resolvido com muita responsabilidade. Está em jogo também os interesses dos consumidores e dos trabalhadores. Quanto maior a taxa de inflação, maior a volatilidade da economia, dos preços, maior a pressão para redução de salários em termos reais. Meta de inflação mais alta, nós já sabemos disso no Brasil, ela acaba prejudicando em última análise os pobres, que são aqueles que não tem como se defender de uma alta continuada e elevada dos preços”.

O ex-ministro da Fazenda também afirmou que concorda com uma política de aumento real do salário mínimo, anunciada pelo Governo Federal nesta semana, mas alertou para possíveis danos à economia consequentes desta medida: “Tenho nada contra dar aumento de salário mínimo, todos nós somos favoráveis a isso. Só que tem que fazer isso verificando se é possível, se isso não gera danos à economia e aos próprios trabalhadores que ganham salário mínimo (…) Aí você pode ter o primeiro efeito do aumento real do salário mínimo, que é o aumento da informalidade e provavelmente do desemprego”.

“Em segundo lugar, tem um defeito na Constituição de 88 que impacta nestas ações, a previdência social. Isto é, pela Constituição, os benefícios previdenciários são reajustados pelo salário mínimo. Em todo o mundo, aumento real de remuneração ocorre para trabalhadores na ativa, porque eles estão gerando produtividade, gerando desenvolvimento, gerando lucro para as empresas e remuneração para eles. Os aposentados já saíram do mercado e, portanto, no mundo inteiro o benefício para o aposentado é ajustar ou reajustar a aposentadoria ou pensão, no caso de herdeiros, pela inflação. O que aconteceu no Brasil? O aumento acima da inflação teve um impacto terrível sobre os gastos previdenciários”, argumentou.

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