Um esquema
criminoso que desviou ao menos R$ 26,5 milhões de um projeto para redução da
sífilis no Rio Grande do Norte foi alvo da Operação Faraó, deflagrada nesta
quinta-feira (19). A ação da Polícia Federal, com o Ministério Público Federal
(MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) levou 27 auditores da CGU e cerca
de 90 policiais federais a três estados e no Distrito Federal. E houve bloqueio
judicial de bens e valores de investigados.
O objetivo é
cumprir 21 mandados de busca e apreensão, para apurar desvio de recursos
públicos federais enviados pelo Ministério da Saúde à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN).
Os alvos são
endereços de pessoas físicas e jurídicas nos municípios de Natal (RN), São
Paulo (SP), Brasília (DF) e Balneário Camboriú (SC). E os mandados judiciais
foram expedidos pela 2ª Vara Federal/RN.
O esquema
Os
investigadores identificaram que a UFRN transferiu recursos, através de
contrato de R$ 50 milhões, para sua fundação de apoio, a Fundação
Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec), com o objetivo de execução
do Projeto “Sífilis Não”, que visava reduzir casos de sífilis adquirida e sífilis
em gestantes no Brasil.
Mediante
denúncia recebida pelo MPF, a PF e a CGU ajudaram a identificar que a agência
de publicidade vencedora de uma “Seleção Pública” realizada pela Funpec foi a
única empresa participante do processo seletivo e já era tratada pelo Núcleo de
Mídia do Ministério da Saúde como a responsável pelo projeto “Sífilis Não”
cerca de seis meses antes da publicação do edital.
A situação
apresenta indícios de simulação de licitação e direcionamento nas
subcontratações de serviços especializados. E superfaturamento estimado e os
indícios de outras irregularidades identificadas durante as investigações
totalizam um prejuízo potencial de até R$ 26,5 milhões em valores atualizados.
Há indícios, ainda, de utilização de recursos da campanha publicitária para custeio indevido de viagens nacionais e internacionais, que já havia sido coberto por meio de diárias pagas pela Funpec.
O Ministério da Saúde pagou à Funpec mais de R$ 165 milhões no exercício de 2017 destinados ao Projeto “Sífilis Não”. E as investigações prosseguem para identificar eventuais novos desvios e crimes.
A malversação de recursos públicos federais impediu que a campanha publicitária tivesse mais qualidade ou que as verbas fossem redirecionadas a outras políticas que trouxessem impacto à saúde da população brasileira. (Com informações da CGU)
Diário do Poder
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