O Governo do RN vai suspender, mais uma vez, o termo de
cooperação assinado com a Casa da Ribeira para gerir o Complexo Cultural da
Rampa. Pelo menos, se o procurador-geral do Estado, Antenor Roberto, cumprir a
palavra dada ao promotor de Justiça, Afonso de Ligório, de que essa “parceria”
será revista.
Essa informação foi revelada com exclusividade ao Portal
96 pelo próprio promotor (veja a entrevista no início do post). Afonso de
Ligório revelou que se reuniu com Antenor Roberto e com o ex-procurador-geral
do Estado, Luiz Antônio Marinho. Nesse encontro, o promotor destacou que não
via como era possível retomar um termo de cooperação que estava sendo
questionado por dois órgãos (MP e Tribunal de Contas do Estado) e um interno
(Controladoria-Geral do Estado). “Vocês vão mesmo retomar isso? Eu destaquei”,
disse Afonso de Ligório.
Ainda de acordo com o promotor, ele soube dessa decisão
da Secretaria Estadual de Educação de retomar o termo de cooperação pela
imprensa. Essa retomada seria justificada pelo desejo do Estado de realizar um
evento no final do mês em referência a Conferência do Potengi, que reuniu
Getúlio Vargas (presidente do Brasil) e Franklin Delano Roosevelt (presidente
dos Estados Unidos) em Natal e oficializou a entrada do Brasil na Segunda
Guerra.
Para isso, no lugar de realizar por conta própria o
evento, visto que o Complexo Cultural da Rampa e o Museu estão sendo geridos
pela Fundação José Augusto, com base em decreto do Governo do RN, a Secretaria
Estadual de Educação decidiu retomar o termo com a Casa da Ribeira. “Outro
ponto que apontei foi esse, porque o acordo não poderia ser retomado com esse
decreto da governadora Fátima Bezerra ainda em vigor, que dá a responsabilidade
pela gestão da Rampa a FJA”, relembrou.
O evento está previsto para o dia 28 de janeiro,
contratado pela Casa da Ribeira por meio, inclusive, de antigos integrantes da
Fundação Rampa, incluindo também parte do acervo que a instituição reuniu.
INCLUSÃO DA SEGUNDA GUERRA
Vale lembrar que a decisão de realizar um evento alusivo
à Conferência do Potengi já representa até uma mudança na concepção inicial do
Complexo da Rampa. Afinal, a Casa da Ribeira, inicialmente, não pretendia
colocar nada que remetesse a Segunda Guerra Mundial, apesar daquele espaço
público ter sido pensado e viabilizado com recursos federais com esse
fim.
Esse evento, no entanto, não poderia ser realizado por
meio de parceria com a Casa da Ribeira. “O Governo pode realizar evento em
homenagem a quem quiser, fazer com suas próprias pernas”, afirmou.
AUDITORIA NOS GASTOS
Além disso,
nessa entrevista exclusiva ao Portal 96, o promotor Afonso de Ligório também
destacou que vai passar agora a auditar os gastos apresentados pela Casa da
Ribeira para a Rampa. Afinal, apesar de não ter apresentado um plano
museológico, a Casa já estava se preparando para comprar obras de arte Brasil
afora.
De acordo com a Tribuna do Norte, o contrato, que
estava suspenso desde junho do ano passado, foi firmado por R$ 126,9 mil e
autorizou a Casa da Ribeira a captar até R$ 7,47 milhões via renúncia fiscal.
Até o momento já foram captados cerca de R$ 3,4 milhões.
Assista o vídeo aqui.
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