O Ministério da Fazenda confirmou nesta segunda-feira (27), a
reoneração completa do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol. A modelagem da
cobrança, com porcentual definido sobre cada item ainda não foi informada, mas
a pasta garantiu que não haverá perda de arrecadação e os R$ 28,9 bilhões de
aumento de receitas estão garantidos. De acordo com a assessoria, o modelo
prevê uma oneração maior do combustível fóssil, como a gasolina, do que do
biocombustível, como etanol, que é ambientalmente mais sustentável.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não concedeu coletiva
nesta segunda-feira, para esclarecer a política de reoneração de Pis/Cofins
sobre gasolina e etanol, embora mais cedo, a assessoria do Ministério da
Fazenda tenha passado uma previsão de que Haddad falasse com a imprensa sobre o
assunto. Ele iria fazer uma coletiva após a reunião do secretário executivo do
Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, com o presidente da Petrobras, Jean
Paul Prates. Galípolo foi para o Rio de Janeiro para discutir justamente a
reestruturação tributária e os porcentuais de cobrança sobre gasolina e álcool.
Segundo a pasta, a reoneração terá caráter social, para
“penalizar menos o consumidor”, e econômico, para preservar a arrecadação.
Por volta das 19h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
saiu do Palácio do Planalto, em meio a expectativa de uma possível reunião com
o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda nesta segunda, para discutir a
desoneração dos combustíveis. Mas até o fechamento desta edição, contudo, não
havia confirmação de que o encontro ocorreria nesta segunda-feira. Há
possibilidade de a discussão sobre o tema prosseguir nesta terça-feira (28),
data final de validade da Medida Provisória, que estabeleceu a desoneração.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também
viajou para discutir sobre combustíveis com executivos da Petrobtas e com o
presidente, Jean Paul Prates.A decisão de reonerar os impostos representa uma
vitória a Haddad, que vinha enfrentando um processo de "fritura" pela
ala política do governo.
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendiam a
prorrogação da desoneração dos impostos federais sobre gasolina e etanol para
evitar um repique na inflação e uma eventual perda de popularidade do chefe do
Executivo. A medida provisória editada no dia 2 de janeiro, que estabeleceu a
prorrogação da desoneração aprovada ainda no governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), vence nessa terça-feira.
Na sexta-feira (24), a presidente nacional do PT, Gleisi
Hoffmann, escreveu no Twitter que "não somos contra taxar combustíveis,
mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir
compromisso de campanha".
No ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro zerou as
alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para a gasolina, o etanol, o
diesel, o biodiesel, o gás natural e o gás de cozinha. Em 1º de janeiro, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Medida Provisória 1.157, que
previa a reoneração da gasolina e do etanol a partir de 1º de março e a dos
demais combustíveis em 1º de janeiro de 2024.
Antes da desoneração, o PIS/Cofins era cobrado da seguinte
forma: R$ 0,792 por litro da gasolina A (sem mistura de etanol) e de R$ 0,242
por litro do etanol. Entre as possibilidades discutidas por Galípolo e a
Petrobras, estão a absorção de parte do aumento das alíquotas pela Petrobras,
porque a gasolina está acima da cotação internacional, e a redistribuição de
parte das alíquotas originais da gasolina para o etanol.
Caso ocorra essa redistribuição, a gasolina poderia pagar,
por exemplo, R$ 0,70 de PIS/Cofins por litro; e o etanol, R$ 0,33.
O repasse efetivo do aumento das alíquotas aos consumidores
dependerá das distribuidoras e dos postos de combustíveis. No início do ano, ao
anunciar o pacote com medidas para melhorar as contas públicas, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a recomposição dos tributos renderá R$
28,88 bilhões ao caixa do governo em 2023.
Só em janeiro, segundo cálculos da Receita Federal divulgados
na semana passada, o governo deixou de arrecadar R$ 3,75 bilhões com a
prorrogação da alíquota zero.
Tribuna do Norte
0 comentários:
Postar um comentário