O Governo do Rio Grande do Norte deixou acumular, de 2019
a 2022, mais de R$ 98,4 milhões no Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP).
A verba, repassada ao Estado pelo Ministério da Justiça, poderia ter sido
utilizada para custeio, manutenção e investimentos na área, mas não foi
empregada pela gestão da governadora Fátima Bezerra (PT).
Ao todo, nos quatro anos, o Governo do Estado recebeu R$
112,2 milhões. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesed), R$
12,4 milhões foram utilizados (o equivalente a 11%) e R$ 1,3 milhão estão
bloqueados, restando R$ 98,4 milhões no fundo.
Dados oficiais do Governo Federal apontam para uma
execução ainda menor, de apenas 2,2% (R$ 2,4 milhões). A divergência
justifica-se pelo intervalo de tempo que o Estado dispende para alimentar o
banco de dados do Ministério da Justiça.
2022
A Secretaria de Segurança informou que, do total
recebido, R$ 34,5 milhões – referente ao repasse de 2022 – só foram liberados
em dezembro do ano passado. Para esse montante, o Estado já apresentou plano de
investimento, que inclui os Centros Administrativo e de Saúde do Corpo de
Bombeiros Militar do RN. O Ministério da Justiça ainda não autorizou os
investimentos.
2021
Sobre outra parcela de R$ 27,3 milhões – referente ao
repasse de 2021 –, o governo alega que o Ministério da Justiça só aprovou o
plano de aplicação em maio do ano passado. Desde então, é que os recursos vêm
sendo usados. Com essa verba, o Estado diz que pretende construir o Complexo de
Delegacias, Divisões e Departamentos da Polícia Civil do RN e o Regimento de
Polícia Montada da Polícia Militar do RN.
2020
Quando à parcela de 2020, equivalente a R$ 26,3 milhões,
o Estado afirma que 69% já está contratado ou pago. Nesta parcela, inclusive,
já está contratada a obra do Complexo de Perícias Criminais do Itep, que irá
utilizar R$ 14,7 milhões.
2019
Por fim, sobre a parcela de 2019, de R$ 23,9 milhões, o
governo aponta que se encontra com 82,5% dos valores contratados (aguardando
liquidação e pagamento) e pagos. Nesse valor, estão incluídos a contratação, a
liquidação e o pagamento de veículos, equipamentos de segurança, munições,
capacitação de servidores e material de saúde para uso de servidores.
Governo justifica não
utilização dos recursos
O Governo do Estado justifica que não usou mais recursos
porque faltaram produtos e insumos no mercado em função da pandemia. Além
disso, alega que houve também variações anormais e constantes de preços de
produtos e insumos no mercado global.
A gestão estadual culpa, também, o retardamento nas
análises e aprovações dos planos de aplicação, referentes a cada parcela pelo
Ministério da Justiça e Segurança Pública. Cita o repasse de 2022, que ainda
encontra-se em análise.
A Sesed indica, ainda, que algumas desistências de
fornecedores licitados, em função da alta variação de preços no mercado,
influenciaram no atraso, o que levou vários processos de aquisições para a fase
interna (inicial).
Alega também que algumas empresas e/ou fornecedores
demonstrarem desinteresse em contratar com a administração pública, tornando os
certames licitatórios desertos ou fracassados. Por fim, a Sesed argumenta que
houve muitas impugnações e recursos nas licitações de obras que representam
36,05% do saldo acima, gerando um atraso nessas contratações.
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