A desoneração no preço dos combustíveis está prevista
para acabar no próximo dia 28. Caso isso se confirme, a gasolina ficará R$ 0,69
mais cara por litro. O cálculo é do economista Francisco Raeder, doutorando em
economia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
De acordo com ele, esse seria o crescimento no valor
cobrado nas bombas, se a volta dos impostos federais em cima dos combustíveis
ocorrer nos mesmos moldes do ano passado. Em relação ao etanol, a alta seria de
R$ 0,33 por litro.
“Os tributos federais são cobrados em um valor fixo por litro (R$/litro). Desde junho de 2022, com a desoneração, todos os tributos federais foram zerados. No entanto, a partir de dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), é possível verificar que, antes da desoneração, incidiam R$ 0,69 por litro de gasolina comum e R$ 0,33 por litro de diesel S10”, explicou Raeder ao R7.
Já para Cláudia Moreno, economista do C6 Bank, a volta
dos encargos federais aumentariam o preço da gasolina na bomba em 17%, em todo
o país. Considerando a média nacional atual, a expensão seria de
aproximadamente R$ 0,87 por litro.
A reoneração também deve impactar a inflação. Segundo
Moreno, o IPCA (Índice dos Preços ao Consumidor Amplo) crescerá em 0,9 pontos
percentuais. "É bastante coisa", opina ela.
Outro fator que pode elevar o preço dos combustíveis é a
eventual volta ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Além disso, o então presidente, Jair Bolsonaro,
sancionou, no ano passado, lei que limitou a cobrança do ICMS sobre
combustíveis e outras três áreas para o nível máximo de 18%.
Trata-se de um imposto estadual. Antes dessa alteração,
algumas regiões chegavam a cobrar mais de 30% de ICMS sobre a gasolina,
especificamente.
Segundo a ANP, o maior imposto na composição dos preços
dos combustíveis são os encargos estaduais. No caso, o ICMS. Portanto, caso a
tributação dos governos dos estados volte, os números cobrados nas bombas
também crescerá.
Em 2023, o presidente Lula da Silva chegou a se reunir
com governadores do país para discutir formas de amenizar os impactos no cofres
estaduais por conta do corte do ICMS. Até o momento, as autoridades não falaram
publicamente sobre uma eventual reoneração.
Enquanto era senador pelo PT, o indicado por Lula ao
cargo chegou a propor um fundo de estabilização do preço dos combustíveis, com
dinheiro que a empresa paga mensalmente ao governo brasileiro.
Dessa forma, a Petrobras usaria esse capital para conter
um aumento súbito na cotação internacional do barril de petróleo, por exemplo.
Isso impediria que o preço dos combustíveis aumentasse no Brasil de forma
brusca.
Segundo economistas ouvidos pelo R7, não deve haver uma
mudança drástica nos valores já praticados nos postos de gasolina. Não ficará
mais barato nem mais caro.
Na verdade, o que pode ocorrer é um maior intervalo de
tempo entre os reajustes de preço implementados pela Petrobras. Portanto, se
isso se confirmar, demorará mais para que sejam alterados os valores cobrados
nas bombas.
No começo do ano, o governo Lula conseguiu manter a
ausência de cobrança tributária por mais 60 dias. Segundo Cláudia Moreno, a
desoneração poderia ser mantida através de uma medida provisória.
Trata-se de uma ferramenta que o chefe do Executivo pode
colocar em prática imediatamente, sem a aprovação do Congresso Nacional. Tempos
depois, os parlamentares precisam dizer 'sim' ao texto, para que ele continue
em vigor. Desde então, o entorno do petista chegou a discutir outras soluções,
mas nada foi anunciado.
Nesse meio tempo, Lula se virou contra o Banco Central e
o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. O chefe do Executivo criticou a
manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira em 13,75%.
R7
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