O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), tem criticado nos últimos dias a independência do Banco Central e a
decisão do órgão de manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em
13,75%. De acordo com o chefe do Executivo, não há justificativa para que o índice
esteja nesse patamar, o que, segundo ele, atrapalha o crescimento do Brasil.
Contudo, no primeiro mandato de Lula como presidente, entre 2003 e 2006, a
Selic registrou alguns dos maiores valores do século, tendo chegado ao recorde
de 26,5%.
A taxa básica de juros é o principal
instrumento que o governo federal usa para controlar a inflação, visto que, em
alta, a Selic desestimula o consumo e deixa o crédito mais caro. Foi com essa
justificativa que, em fevereiro de 2003, com Lula à frente do Executivo brasileiro,
o Banco Central, que naquele ano ainda tinha status de ministério, elevou a
taxa de 25,5% para 26,5%.
“Além dos efeitos diretos da política monetária, são
importantes outras ações da política econômica do governo e a reação da
sociedade contra a inflação, para propiciar um recuo mais significativo da
variação dos preços com menores custos”, explicou o Comitê de Política
Monetária (Copom) em ata assinada pelo então presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
“O Copom entende que neste momento, quando a inércia
existente na economia transfere o efeito do choque do ano passado para a
inflação deste ano, a política monetária deve ser firme, de forma a eliminar o
risco de mudança de patamar inflacionário. Desta forma, o Copom avalia ser
apropriado um reforço adicional na política monetária”, acrescentou o órgão à
época.
Ao longo de todo o primeiro mandato de Lula, a Selic
ficou na casa dos dois dígitos. De janeiro de 2003 a outubro de 2006, o índice
foi superior aos atuais 13,75%. Em outubro de 2006, a taxa registrou o mesmo
patamar que está em vigor atualmente. E, no fim de novembro daquele ano, a
Selic marcou 13,25%.
Além de a Selic ter sido superior no decorrer de quase
todo o primeiro mandato de Lula, as estatísticas que medem a taxa de juro real
(que é a Selic descontada da inflação) também foram maiores em relação à dos
dias atuais.
Considerando-se os dados mais recentes do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada nos últimos
12 meses no Brasil foi de 5,79%. Com a Selic a 13,75%, o juro real do país é de
7,52% no momento.
Em fevereiro de 2003, a inflação dos 12 meses anteriores
foi de 15,85%. Como a Selic marcou 26,5% à época, o juro real era de 9,19%. O
maior índice de juro real foi registrado em novembro de 2006. Durante quase
todo o mês, a Selic marcou 13,75%. A inflação em 12 meses, segundo o IBGE, foi
de 3,02%. Sendo assim, a taxa de juro real atingiu 10,4%.
Fonte: R7
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